Neopop: há (boa) vida para lá do palco principal

Nem todos os caminhos do Neopop vão dar ao palco principal. Que o digam Dopplereffekt, Conforce, Clark, 400PPM e James Holden & The Spirit Animals.

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O Neo Stage é o palco principal, mas quem não der um pulo ao Anti Stage arrisca-se a perder algumas das actuações mais excitantes do Neopop. É assim todos os anos, e este não vai ser excepção. Estão lá nomes como Dopplereffekt, Conforce ou 400PPM, que lançaram bravos e bem-aventurados discos no ano passado que, agora, vamos poder ouvir ao vivo em Viana do Castelo. E depois há o Teatro Sá de Miranda, que este ano recebe um par de concertos em parceria com a Red Bull: Clark, com provas dadas na editora Warp, a 10 de Agosto, e James Holden, que apesar de não ser um estreante no festival se vai apresentar num registo muito diferente, acompanhado por The Spirit Animals, no dia 11. Vale a pena ouvir estes artistas. Vale sempre a pena experimentar coisas novas.

Dopplereffekt
Anti Stage, 9 de Agosto

O Anti Stage é o palco das actuações mais arriscadas, que não encaixam tão bem no cartaz, e dos nomes que não têm visibilidade para estarem no palco principal. Isso não quer, de todo, dizer que não se oiça lá muito boa música. Oiçam-se os Dopplereffekt, projecto de electro retro-futurista, expansivo e melancólico, a operar sob a liderança de Gerald Donald, dos lendários Drexciya, desde meados da década de 90. São dignos herdeiros dos Kraftwerk e editaram no ano passado o ominoso (e magnífico) álbum Cellular Automata.

Conforce
Anti Stage, 10 de Agosto

Boris Bunnik não gosta de rotinas. E não é preciso conhecê-lo para saber isto. Basta prestar atenção ao trabalho desenvolvido pelo produtor holandês ao longo da última década, sob diferentes nomes. Há o house ácido de Vernon Felicity, o electro futurista de Versalife e, no meio de mais uns quantos projectos, o techno ambiental e influenciado pelo dub de Conforce. Foi com este nome que editou no ano passado Autonomous, pela Delsin, e agora apresenta-se ao vivo no Neopop.

Clark
Teatro Sá de Miranda, 10 de Agosto

Chris Clark é um relativo veterano da Warp, a inventiva editora de electrónica britânica, por onde editou quase toda a sua música desde que se estreou com o álbum Clarence Park, em 2001. As suas composições são electrónicas e abstractas, enraizadas no techno, mas transcendendo-o. Vem apresentar o álbum do ano passado, Death Peak, ao vivo no Teatro Sá de Miranda, numa programação da Red Bull Music e do Neopop. O bilhete compra-se à parte, mas vale cada cêntimo.

400PPM
Anti Stage, 11 de Agosto

Nome de guerra de Shawn O'Sullivan, membro de banda indie Led Er Est, que também edita a solo como SOS, ShawNoEQ e, sobretudo, Vapauteen. Traz a Viana do Castelo o techno austero e ríspido, ainda que abertamente experimental, do projecto 400PPM, que editou no ano passado o primeiro álbum Fit For Purpose, com o selo da editora Avian. O techno é a peça central, mas escutam-se ecos de música industrial, pós-punk e alguma composição minimalista.

James Holden & The Spirit Animals
Teatro Sá de Miranda, 11 de Agosto

Ao contrário dos restantes nomes apresentados, o DJ e produtor britânico James Holden é um velho conhecido do Neopop. Ao longo dos anos os seus sets integraram trance, electrónica progressiva, techno, música ambiental, de tudo um pouco, e mesmo assim o álbum de folk-trance The Spirit Animals, editado no ano passado, consegue surpreender. Holden, que é também o patrão da editora Border Community, encontra-se atrás dos sintetizadores, no papel de líder de uma banda com instrumentos de sopro e percussão. No meio das electrónicas escutam-se influências do free jazz e das músicas do mundo, e é neste registo, com estes músicos, que se apresenta no Teatro Sá de Miranda. Cortesia da Red Bull e do Neopop.

Artigo apoiado pelo festival Neopop

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