Saransk, a cidade que Putin insiste em colocar no mapa

Só quatro jogos deste Mundial de futebol vão decorrer na localidade.

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Vista de Saransk Reuters/MURAD SEZER

É a cidade mais pobre das onze que vão receber jogos do Mundial 2018 e surge apenas em 62.º lugar no ranking das mais populosas na Rússia, mas Saransk será palco nesta segunda-feira do Portugal-Irão, a terceira partida que a capital da Mordovia vai acolher. Mas como é que um local que não entra em nenhum roteiro turístico da Rússia e que há vários meses deixou de ter alojamentos disponíveis nos (poucos) hotéis da cidade, entra na maior competição organizada pela FIFA? A resposta é dada pelos próprios habitantes de Saransk: Vladimir Putin é um amigo próximo de Nikolai Merkushin, antigo governador da Mordovia e pai de Alexei Merkushin, o actual governador da região.

Em Saransk quase tudo ainda cheira a novo, em especial em redor do Arena Mordovia. Há vários prédios de apartamentos multicolores com quase 20 andares que durante o Mundial servem de hotéis improvisados, centros comerciais, uma larga avenida de seis faixas de rodagem que rasga a cidade em dois e até um novo terminal para o minúsculo aeroporto. No total, foram gastos mais de 500 milhões de euros para que a capital da Mordóvia surgisse com condições para ser uma das sedes do Mundial 2018. Mas esta não é a primeira vez que Putin tenta colocar Saransk no mapa.

Em 2012, agastado com a excessiva carga tributária em França, Gérard Depardieu fixou a sua residência fiscal na Bélgica. Porém, o presidente russo estendeu a mão ao actor francês: "Tenho a certeza de que as autoridades francesas não quiseram ofender o sr. Depardieu. Mas se ele quiser ter um passaporte russo, é como se já o tivesse", disse na altura Putin. Depardieu, que já tinha negócios na Rússia, não rejeitou as ofertas: para além do passaporte russo, recebeu do governo uma casa. Onde? Em Saransk, claro.

O actor francês, garantem em Saransk, raramente está na cidade, e se por lá andar nesta segunda-feira, o que irá ver nas ruas é um empate técnico entre camisolas portuguesas e iranianas. Ao contrário do que aconteceu no jogo de Portugal contra Marrocos, em que os adeptos africanos estavam em clara maioria, nos (poucos) bares e restaurantes de Saransk o vermelho da selecção portuguesa destaca-se, mas a regra já vista nos jogos anteriores mantém-se: a grande maioria dos “portugueses” que vão estar no Arena Mordovia, terá feições asiáticas. Quase todos têm o número “7” nas costas e são chineses. Putin pode agradecer a Cristiano Ronaldo: Saransk volta a estar no mapa.

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