Moinhos Abertos entre os dias 7 e 9 de Abril

As principais atracções são o moinho de Foros do Arrão, em Ponte de Sor, o lagar e os moinhos da Ribeira das Hortas, em Santa Comba Dão, e o moinho de vento da Quintinha, em Santiago do Cacém

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É cada vez maior o número de participantes na iniciativa Moinhos Abertos, criada há 12 anos no âmbito do Dia Nacional dos Moinhos e que este ano se realiza entre os dias 7 e 9 de Abril.

"Temos desde câmaras municipais a emigrantes, que estão noutros países e alinham as férias com o evento. Há uma pessoa que vem do Canadá todos os anos pôr o moinho a funcionar e fazer esta festa comunitária", disse à Lusa o coordenador nacional da iniciativa, Jorge Miranda.

O Dia Nacional dos Moinhos assinala-se esta sexta-feira e a iniciativa Moinhos Abertos realiza-se todos os anos no fim-de-semana imediatamente a seguir. No ano passado, contou com a visita de 15 mil pessoas em todo o país, número que se vai "repetir ou aumentar um pouco", afirmou o responsável.

Cada moinho tem um programa próprio desenvolvido de forma autónoma pela comunidade que representa o espaço, sendo que a organização do Moinhos Abertos tem uma função de "compilação" e divulgação da informação. "O objetivo é que as pessoas vão ver os moinhos e os conheçam, mas também é um movimento do cidadão de defesa e promoção dos mesmos, bem como uma estratégia de continuidade. Se os moinhos vão ser visitados, então a gente limpa, lubrifica, arranja, concerta. Assim vamos dar anos de vida aos moinhos, reabilitando e mantendo", sublinhou o responsável.

As principais atracções este ano são o moinho de Foros do Arrão, em Ponte de Sor (distrito de Portalegre), o lagar e os moinhos da Ribeira das Hortas, em Santa Comba Dão (distrito de Viseu), e ainda o moinho de vento da Quintinha, em Santiago do Cacém (distrito de Setúbal).

O moinho de Foros do Arrão vai ser posto a moer no domingo, num projecto que "tocou" a organização, pois estava desactivado desde 1955. A comunidade "tinha o sonho de refazer o moinho", disse Jorge Miranda. Através de uma verba da câmara e de trabalho voluntário da comunidade, o espaço foi reativado: "A Câmara apoiou com uma verba para conseguirem fazer o engenho. Fizeram-se sessões comunitárias com a população toda e as pessoas trouxeram fotografias antigas do interior do moinho porque ele já não tinha nada. O moleiro, que morreu durante a reconstrução do moinho, desenhou os mecanismos." Este moinho "vai voltar a funcionar" e tem "um forno e uma área de lazer à volta", e a pessoa responsável pelo espaço é a filha do antigo moleiro, que vai aprender o ofício, acrescentou Jorge Miranda.

Já o moinho de vento da Quintinha, que levou um mastro novo e foi reparado, vai voltar a funcionar na sexta-feira e destaca-se por "voltar a ser um moinho escola", onde as pessoas aprendem "o essencial do ofício", como será o caso da filha do antigo moleiro de Foros do Arrão. Por sua vez, os moinhos da Ribeira das Hortas, que vão ser apresentados no sábado, foram requalificados juntamente com um lagar e uma central eléctrica antiga, e um deles está a produzir pão de centeio que é vendido a "unidades de referência de hotelaria de turismo rural" da zona. "Estamos a religar as coisas e a voltar à vida", sublinhou Jorge Miranda, acrescentado que existe "uma estratégia de revitalização muito profunda e comunitária".

Para o coordenador, a importância da conservação dos moinhos está na "identidade e memória" que eles representam, por serem fatores "diferenciadores" e de "qualificação" dos territórios. Inserido na mesma temática, realiza-se este ano o IV Encontro Nacional de Molinologia, nos dias 3 e 4 de Junho, onde estarão reunidas "pessoas e instituições que se ocupam de recuperar e manter os moinhos tradicionais".

O evento, que se realiza de dois em dois anos, terá lugar em Ponte de Sor nesta edição e conta com dois painéis, um sobre molinologia, em que os moleiros apresentam comunicações acerca de técnicas do "conhecimento tradicional", e outro sobre desenvolvimento, em que são apresentadas propostas de requalificação de moinhos.

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