Prazeres parados

Ando a reler um livro que me deixa em paz: Coisas da Terra e do Mar (Sabores da Cozinha Algarvia) do grande cozinheiro José Vila.

Ando a reler um livro que me deixa em paz: Coisas da Terra e do Mar (Sabores da Cozinha Algarvia) do grande cozinheiro José Vila. As receitas são escritas com o génio da simplicidade e do bom gosto, fixando os pratos sem olhar a pretensões, modas ou conveniências. Fica-se cheio de fome por aqueles pratos insubstituíveis. Por outro lado, a generosidade com que Vila partilha a sabedoria garante que qualquer boa cozinheira consegue reproduzi-los com êxito, desde que tenha à mão os bons dos ingredientes.

É um livro para quem gosta de ler e de imaginar. Está cheio de surpresas e de ensinamentos que não estão em mais nenhum outro sítio.

Num dos prefácios, António-Pedro Vasconcelos, que jantava sempre no Vila Lisa, conta que é tido por um amigo como “o único dos mortais que passa férias num restaurante”. Não és o único, António. Também eu passei férias noutra casa maravilhosa, o Sacas no Porto das Barcas, perto da Zambujeira do Mar. Acordava às 11, aparecia lá ao meio-dia e meia e só saía de lá às 2 da manhã, tendo passado o dia a ler, a comer, a conversar e a beber. Às vezes aborrecia-me, é verdade. Mas até aborrecer-me era bom. Fazia parte do dia, como espécie de meditação alentejana.

Neste mês de Maio já tivemos uma tarde assim, almoçando diante do vaivém dos clientes, os que chegam cedo, os que só vêm tarde, lendo e falando até ser a hora de lanchar, sempre nas mesmas cadeiras, com os rabos já a protestar, naquele prazer de estar parado e bem e não ter de fazer mais nada.

 

 

 

 

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