Alimentação nas crianças: do problema à solução

Uma alimentação saudável varia de acordo com as necessidades individuais de cada criança. No dia 16 de Outubro assinalou-se o Dia Mundial da Alimentação

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Xochi Romero/ Unsplash

A promoção de bons hábitos alimentares tem ganho relevo devido ao aumento da incidência de obesidade. Estudos realizados em crianças revelam que muitas realizam uma alimentação desajustada, caracterizada pelo elevado consumo de açúcar, energia e sal e baixa ingestão de frutas e legumes. Esta é uma das causas para que existam cerca de 155 milhões de crianças obesas no mundo, sendo que em Portugal são 18 mil crianças. A obesidade infantil é uma realidade e pode implicar consequências no futuro, nomeadamente o desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e as consequências que poderão advir deste diagnóstico.

Uma alimentação saudável varia de acordo com as necessidades individuais de cada criança, determinadas com base na idade, altura, peso, entre outros factores. Crianças com factores de risco de desenvolver DM2 (por exemplo: excesso de peso, sedentarismo e antecedentes familiares) devem fazer uma alimentação saudável para prevenir o seu aparecimento. No caso de uma criança com diagnóstico de DM2, os hábitos adoptados devem basear-se numa alimentação saudável, com evicção do consumo de alimentos ricos em açúcares adicionados, com o consumo equilibrado e fraccionado de alimentos ricos em hidratos de carbono durante o dia. No caso da diabetes estar associada ao excesso de peso, dever-se-á seguir uma dieta regrada, com o objectivo de promover a redução do peso corporal e melhorar o controlo da doença.

No caso da diabetes mellitus tipo 1 (DM1), uma doença crónica auto-imune, que não é prevenível, o tratamento consiste na administração de insulina, actividade física e alimentação. Em Portugal existem cerca de três mil jovens com DM1. Ao contrário de alguns mitos, a alimentação destes jovens não deve ser restritiva nem abolir o consumo de doces. As pessoas com DM1 devem realizar uma dieta equilibrada e saudável. Algumas recomendações essenciais para que seja promovido o controlo dos níveis de açúcar no sangue são:

— Fraccionar o consumo de alimentos ao longo do dia (por exemplo: realizar seis refeições por dia), com o objectivo de prevenir o aumento/redução rápida e acentuada da glicemia;

— Ingerir alimentos ricos em fibra, como por exemplo pão de sementes, vegetais e leguminosas, porque promovem o controlo da glicemia e o apetite;

— Planear as refeições com antecedência, privilegiando refeições com baixo teor de gordura e açúcares;

— Ingerir água ou bebidas sem aporte de hidratos de carbono ao longo do dia, como refrescos ou infusões de ervas, sem adição de açúcares.

Estas recomendações devem ser ajustadas às necessidades individuais de cada pessoa. Além deste factor, deve ser promovida a prática de actividade física diária, que também terá influência nas necessidades nutricionais e no controlo glicémico do indivíduo.

Como qualquer outra pessoa, uma criança com diabetes tem situações mais difíceis de controlar a ingestão alimentar, como por exemplo as épocas de avaliações e a comemoração de aniversários. Nestas situações é fundamental que a criança ou responsável saibam compensar o tratamento (com insulina ou actividade física) para minimizar o impacto destas situações (quer seja por maior consumo de alimentos ou por “saltar” uma refeição).

A adopção de um estilo de vida saudável é fundamental na redução do risco de desenvolvimento de DM2 ou na minimização do risco de surgimento de complicações nas pessoas que já têm o diagnóstico. É possível conseguir-se esta melhoria através da realização de uma dieta saudável, equilibrada e variada, da prática de actividade física regular e da manutenção de peso corporal adequado.

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