Partilhas as tarefas domésticas? Tens uma melhor vida sexual

"Hoje, o amor é baseado em interesses comuns, actividades e emoções comuns. Onde a diferença já foi a base do desejo, a igualdade torna-se cada vez mais um elemento de erotismo."

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Scott Webb/Unsplash

Os casais que compartilham as tarefas domésticas têm uma melhor vida sexual. Isso mesmo diz um artigo publicado na revista científica "Journal of Marriage and Family", que analisa as relações sexuais dentro do casal — é evidente "uma diminuição da frequência sexual", explica Sharon Sassler, professora da Universidade de Cornell e co-autora do estudo (juntamente com Daniel Carlson, Amanda Miller, e Sarah Hanson) que será publicado este Verão. "Os únicos casais que aumentaram a actividade sexual têm definidas divisões de tarefas não tradicionais."

Há relativamente pouco tempo, uma reportagem da revista New York Times lançava a questão: "Does a More Equal Marriage Mean Less Sex?" O estudo de 2013 alegava que os casais que compartilhavam tarefas domésticas eram sexualmente menos satisfeitos do que os casais que aderiram a uma divisão "tradicional" das tarefas — ela trata dos filhos e da cozinha, ele fica com a bricolagem e com o sustento da casa. “Difference equals desire” (algo como "a diferença significa desejo"), podia ler-se na capa da publicação.

Acontece que, as "regras" que regem a satisfação sexual e conjugal têm vindo a mudar rapidamente e, como muitas generalizações sobre o casamento moderno, o estudo de 2013 foi baseado em dados desactualizados. No recente "A Reversal in Predictors of Sexual Frequency and Satisfaction in Marriage", Sharon Sassler fala dessa "inversão". "Quando os casais compartilham tarefas semelhantes, em vez de diferentes (das tarefas estereotipadas de género), esta divisão parece aprofundar o desejo".

"Os casais contemporâneos que aderem a uma divisão mais igualitária do trabalho são os únicos casais que sentiram um aumento na frequência sexual em comparação com os seus homólogos do passado. Outros grupos — incluindo aqueles em que a mulher faz a maior parte do trabalho doméstico — sofreram declínios na frequência sexual". Os números, segundo os seus autores, são importantes sobretudo tendo em conta os relatórios que indicam que a frequência sexual tem geralmente diminuído em todo o mundo ao longo das últimas décadas.

Os medidores de sucesso conjugal mudaram profundamente nos últimos 50 anos, argumenta a historiadora Stephanie Coontz, porque os nossos ideais de amor heterossexual também mudaram. "O amor costumava ser visto como a atracção de opostos, e cada parceiro num casamento especializava-se em um único conjunto de habilidades, recursos e emoções que, acreditava-se, faltava ao outro sexo. Hoje, o amor é baseado em interesses comuns, actividades e emoções comuns. Onde a diferença já foi a base do desejo, a igualdade torna-se cada vez mais um elemento de erotismo."

Sassler completa: "Nos casamentos da década de 1950 e 1960, as mulheres muitas vezes relatavam ter relações sexuais mais frequentemente do que desejariam porque se sentiam dependentes dos maridos. Agora que as mulheres se sentem livres para dizerem 'não', dizem 'sim' quando sentem que a relação é justa".

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