RIPA: uma gravata que reaproveita madeira e tecido

A ideia é de dois jovens de Viana do Castelo que reaproveitam desperdícios de madeira e de tecido para criar gravatas. A RIPA é 100% portuguesa e baseia-se na sustentabilidade e protecção do ambiente

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Chama-se RIPA e é uma gravata feita a partir de desperdícios de madeira e de tecido. É 100% português e é o primeiro produto da marca homónima criada por Ana Rita Carvalho e Nelson Sampaio, dois jovens de Viana de Castelo.

Em Agosto de 2014, Nelson, 24 anos, queria levar alguma coisa diferente para uma festa de família e lembrou-se de levar uma gravata de madeira. Estava lançado assim o rastilho. Da ideia à concretização não demorou muito tempo. “Durante essa festa, a gravata teve muito impacto: as pessoas perguntavam como tinha sido feita, se estávamos a comercializar e a partir daí decidimos desenvolver o projecto, fazer mais gravatas e criar a marca RIPA”, contou ao P3, Ana Rita, de 26 anos.

A ideia foi desenvolvida pelos dois, fizeram pesquisas e várias experiências até chegarem ao produto final. Em Setembro, a marca já dava os primeiros passos e a 1 de Novembro partiu para a divulgação.

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Baseando-se em princípios e valores ecológicos, de sustentabilidade e protecção do ambiente, a RIPA pretende criar acessórios a partir do aproveitamento e valorização de matérias-primas e dar-lhes uma nova utilidade. No caso da gravata, os materiais reutilizados são fornecidos por indústrias de madeira e de têxtil de Viana do Castelo, que também ajudam na produção das RIPAs.

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Ripas de madeira

E RIPA porquê? “Porque são ripas de madeira, exactamente por isso”, justifica Ana Rita. Em vez de ser feita a partir de uma única tira de tecido, como uma gravata comum, a RIPA é composta por uma ripa de madeira na parte da frente e por uma fita de tecido para colocar à volta do pescoço e na zona do nó e que se prolonga por detrás da ripa. A fita tem ainda um botão para se ajustar ao pescoço. Como resulta da “combinação da madeira com o têxtil”, os dois jovens acreditam que a RIPA seja um produto único em Portugal.

Em cerejeira, faia, mogno, pinho, sucupira ou wenge. Há RIPAs para todos os gostos e estes são os tipos de madeira disponíveis no primeiro catálogo da marca. Para já, as fitas existem apenas na cor castanha, verde ou azul. As gravatas estão disponíveis em três tamanhos.

Cada gravata é única

RIPAae é o nome da primeira colecção de gravatas da marca e “inspira-se na biodiversidade, simplicidade e genuinidade da Natureza”. As gravatas são todas diferentes, mas têm atributos comuns e são, por isso, agrupadas na “Família RIPAae”, fazendo um paralelismo com as famílias de seres vivos que agrupam diferentes espécies com características iguais.

“Cada gravata é única”, garante Nelson, designer de ambientes. “Não há uma RIPA igual à outra”, reforça Ana Rita. “As características da madeira [a cor, os veios e os nós] são elas próprias a estética do produto”, ou seja, cada gravata é feita a partir de uma ripa de madeira, “deixando à vista todos os nós e veios”. Como não existe uma ripa de madeira igual à outra, também acabam por não existir duas RIPAs iguais, quanto muito semelhantes, explica a jovem bióloga.

Mas como é que uma ripa de madeira e um pedaço de tecido se transformam numa gravata? Primeiro, Ana Rita e Nelson escolhem as ripas de madeira que sobram das fábricas e que lhes são cedidas. O recorte da madeira é feito por carpinteiros e as fitas são feitas por uma empresa têxtil. Os dois jovens tratam do acabamento final: colam os dois materiais – madeira e tecido; colocam o botão na fita e envernizam a ripa já recortada (com verniz incolor para manter o desenho natural da madeira).

Cada gravata custa 60 euros e, até 23 de Dezembro, são oferecidos os portes de envio. Os interessados em adquirir as RIPAs podem encomendá-las por mensagem através da página do Facebook ou para ripa.geral@gmail.com.

Para o futuro, os jovens vianenses têm já algumas ideias para novos produtos. Mas o compromisso é sempre o mesmo: “reaproveitar madeiras, numa perspectiva de sustentabilidade e protecção ambiental”, garante Ana Rita. Um dos produtos que pretendem produzir é um boné, adianta Nelson, “seguindo a mesma ideia das gravatas”. No entanto, não querem ficar apenas pela produção de acessórios, mas também avançar para a criação de objectos de mobiliário.

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