“Quanto maior for a base, mais forte será a selecção”

O Europeu Sub-19 arranca no próximo domingo e João Pedro Varela, seleccionador nacional, afirma que mais importante do conseguir bons resultados é “formar jogadores” que no futuro possam ser Lobos

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Miguel Carmo

Com o apuramento para o Junior World Rugby Trophy 2015 que será realizado em Maio do próximo ano em Portugal já garantido, o Campeonato da Europa Sub-19, que arranca domingo, não tem relevância do ponto de vista competitivo, mas João Pedro Varela, seleccionador nacional de Sub-19, garante que “o grau de exigência” não vai baixar. Em entrevista ao P3 Râguebi, o técnico alerta que esta é uma fase de transição para os jogadores e que por isso é importante “trabalhar com grupos alargados de jogadores” para que fortalecer o râguebi português.

Portugal já tem o apuramento para o Junior World Rugby Trophy 2015 garantido por ser o país anfitrião da prova. Isso alterou a preparação e a abordagem da selecção nacional de sub-19 para Campeonato da Europa de Sub-19?

Não, não alterou nada. Já temos o apuramento garantido, mas isso não pode retirar o grau de exigência de jogar pela selecção nacional e representar Portugal. Estamos focados em objectivos de qualidade e performance, mais do que nos resultados. As alterações que estamos a tentar implementar na forma de jogar é mais importante do que o resultado final. Temos que ser exigentes nos pequenos detalhes e nos pormenores que temos treinado. O Junior World Rugby Trophy para nós, nesta fase, é muito pouco relevante.

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Será então um teste para o Junior World Rugby Trophy?

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É o início. Estamos a receber jogadores que vêm de um processo diferente, que jogavam râguebi júnior. A maioria está a iniciar-se no escalão sénior e é uma mudança grande. Há também uma mudança na vida deles, que deixam os liceus e passam para as faculdades. A exigência é completamente diferente e estamos a introduzir os jogadores num processo que é a jogarem pela última selecção antes de serem Lobos. É nestas mudanças e nestes detalhes que estamos focados. Não se tira exigência. O Junior World Rugby Trophy também será para eles uma etapa intermédia para chegarem aos Lobos. E o nosso objectivo é formar jogadores seniores. A maior honra que um jogador pode ter é ser Lobo.

Vários jogadores que há um ano competiram nestes mesmos dois torneios de sub-18 e sub-19 abandonaram, entretanto, o râguebi, e ficaram-se por essa fase intermédia. Isso é uma inevitabilidade ou há algo que se pode fazer para travar isso?

É uma inevitabilidade que haja perdas pelo caminho. Para contornar isso, a primeira coisa que há a fazer é transformar o Junior World Rugby Trophy no objectivo intermédio numa viagem onde, no final, haverá algo mais importante, que é chegar aos Lobos. Também procuramos afastar o foco dos resultados. Temos que nos preocupar com a qualidade e perceber se estamos a evoluir. Estamos a trabalhar com grupos alargados de jogadores, alargando a base, por sabermos que haverá sempre uns que evoluem mais e outros menos. Quanto maior for a base, mais forte será a selecção e mais forte será o râguebi por haver mais jogadores a trabalhar num nível elevado.

Que critérios foram utilizados para a elaboração da lista dos 26 convocados?

Começamos em Setembro com 60 jogadores convocados. Alguns já fizeram no ano passado parte das selecções de Sub-18 e Sub-19. Iniciamos também um processo de consulta junto dos clubes para que tivessem a possibilidade de indicar jogadores que entendiam reunir condições para fazer parte dos trabalhos da selecção.

Quatro dos convocados jogam em França e um em Inglaterra. Os luso-descendentes, principalmente em França, são um filão a explorar?

Temos que aproveitar todos os jogadores que são portugueses e têm o desejo de representar Portugal, independentemente do local onde nasceram. O desejo de jogar por Portugal tem de ser o mais importante. Os jogadores que alinham em França competem num nível mais exigente e isso é uma mais-valia que deve ser aproveitada. Mas, na minha opinião, para que o râguebi português se desenvolva, é preciso que ter uma base interna forte. Eu fui treinador do Pedro Bettencourt e é óptimo ele ter ido para fora, mas não podemos achar que o râguebi português se vai desenvolver apenas à custa dos jogadores que alinham no estrangeiro. Temos que desenvolver o râguebi português dentro das nossas fronteiras. Os que estão fora são a cereja no topo do bolo, mas não são a massa desse mesmo bolo.

A Bélgica será o primeiro adversário. Quais são os seus pontos fortes?

Vai ser equilibrado contra a Bélgica. É uma equipa física que está habituada a um jogo de combate. Os resultados de Portugal contra a Bélgica, seja em Sub-19 ou nos seniores, têm sido muito equilibrados e esperamos muitas dificuldades. No ano passado fomos eliminados do torneio de Sub-19 pelos belgas… Mas se formos competitivos e estivermos a um nível bom, teremos hipóteses de ganhar.

Quem é, em teoria, o principal candidato a garantir a vaga europeia para o Junior World Rugby Trophy 2015?

Acredito que será a Geórgia. Nos últimos anos têm mantido uma constância exibicional boa e apresenta sempre selecções equilibradas e constantes. Sabemos que estiveram em França onde realizaram um estágio e disputaram vários jogos. Acho que teoricamente são os mais fortes.

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