“A Agronomia tem que voltar a discutir títulos”

Na primeira entrevista após assumir o comando técnico dos "agrónomos", João Moura explica o que o levou a aceitar este novo desafio

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João Peleteiro

Antigo jogador do RC Loulé e licenciado em Educação Física e Desporto, João Moura vai trocar na época que está agora a começar os gabinetes da FPR e da AR Sul por aquilo que mais gosta: a competição e a gestão diária de um clube. O novo treinador da Agronomia reconhece nesta entrevista ao P3 Râguebi que “não será fácil” recolocar os “agrónomos” na “linha da frente”, mas a equipa da Tapada é “um clube de referência nacional e o que aconteceu nos últimos dois anos não pode voltar a acontecer”.

Após vários anos a trabalhar nos escalões de formação da FPR e do Belenenses e de uma passagem pelo râguebi feminino, o que o levou a aceitar o convite da Agronomia?

Considerei que esta era a altura de aceitar o desafio de assumir o comando de uma equipa sénior na Divisão de Honra e tinha vontade de voltar ao trabalho no terreno. É isso que me dá gozo. Na federação havia um trabalho na Academia, mas depois não tinha a competição e a gestão do dia-a-dia. É também a aposta numa carreira de treinador de râguebi, que é aquilo de que eu gosto.

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O que lhe pediram os responsáveis do clube?

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DR

Em relação aos seniores pretendemos melhorar em relação à última época, mas também me foi pedido para dar apoio nos escalões mais a baixo e ao Director Técnico para tentar uniformizar a formação do clube. O objectivo é criar uma linha condutora na chegada dos jovens aos seniores para que a curto e médio prazo a Agronomia possa ser um clube forte como já foi.

Nos últimos 11 anos a Agronomia esteve por sete vezes na final do campeonato, mas tem perdido protagonismo no plano desportivo para o Direito e para o CDUL. Há duas épocas ficou em quarto e na temporada passada não se apurou para a meia-final. Esta tendência pode ser invertida a curto prazo?

O que temos falado dentro do grupo é que a Agronomia é um clube de referência nacional e o que aconteceu nos últimos dois anos não pode voltar a acontecer. A Agronomia tem que voltar a discutir títulos. O grupo está a trabalhar para voltar a colocar o clube na linha da frente e essa é uma mensagem bem clara.

E isso é possível já nesta época?

Por que não (risos)? Era giro haver uma surpresa… Sabemos que não será fácil. Este é um projecto mais a médio do que a curto prazo.

A Agronomia realizou um estágio no Algarve e já fez dois jogos de preparação contra o RC Loulé e o Sporting. Que avaliação faz deste arranque de época?

Muito positiva. A resposta dos jogadores tem sido muito boa. Os jogos têm sido interessantes para tentar aplicar o que se tem treinado. Temos melhorado de treino para treino e de jogo para jogo. Os jogadores sentem-se bem. É esse o feedback que tenho tido.

Em relação à última temporada, a equipa sofreu muitas alterações?

O plantel é sensivelmente o mesmo. A única baixa confirmada é a do Duarte Cardoso Pinto. Há mais um ou dois jogadores que estão a tentar resolver as suas vidas para verem se conseguem jogar ou não, mas infelizmente essa é a realidade que temos no râguebi nacional. A grande maioria do grupo será o mesmo, havendo apenas a chegada de dois jogadores estrangeiros.

Como têm sido a adaptação dos dois e em que posições jogam?

Até ao momento têm dado boas indicações. É um abertura sul-africano [Neil Manley] e um terceira-linha neozelandês [Jesse Milne]. Até agora tem sido tudo cinco estrelas. A equipa recebeu-os bem e as condições na Tapada são boas para eles. Têm tudo à sua disposição.

O plantel está fechado ou ainda há a possibilidade de chegarem reforços?

Nenhum clube português pode dar-se ao luxo de fechar o plantel e recusar jogadores. Se houver alguém que queira vir para a Agronomia será sempre recebido de braços abertos…

O campeonato começa com uma deslocação ao Restelo e uma recepção ao Direito. Vai ser um baptismo de fogo…

Vai, mas gostamos desses desafios. Um Agronomia-Belenenses, seja no Restelo ou na Tapada, é sempre um jogo bem disputado sem vencedores antecipados. Será um óptimo arranque de campeonato. A recepção ao Direito será, como diz, uma prova de fogo. É uma equipa forte e organizada, com jogadores muito experientes. Esses dois fins-de-semana serão muito importantes para aquilo que queremos fazer e para onde queremos chegar este ano. Vai ser bom..

Se se confirmar a possível desistência do CRAV e a Divisão de Honra ficar com apenas nove equipas, a Agronomia entre 18 de Outubro e 15 de Novembro vai disputar apenas um jogo no campeonato. É um problema?

Prefiro não comentar a situação do CRAV, mas se acontecer será triste para o râguebi nacional. É verdade que condiciona a organização do campeonato e o planeamento da organização da equipa. Teremos que encontrar soluções fazendo mais jogos de preparação, eventualmente com alguma equipa estrangeira, ou fazer um estágio. É difícil de prever neste momento o que vai acontecer. Qualquer que seja a solução, terá que ser avaliada pelo momento da equipa na altura. Mas haverá várias possibilidades em cima da mesa.

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