Cátia está no Congo para estudar a vida num campo de refugiados

O desafio de Cátia Carvalho, que teve o apoio de uma agência das Nações Unidas, é perceber como se vive em campos de refugiados e ajudar a pensar em soluções a partir desta experiência na República Democrática do Congo

Cátia Carvalho tem 23 anos e é estudante do mestrado integrado em Psicologia do Comportamento Desviante
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Cátia Carvalho tem 23 anos e é estudante do mestrado integrado em Psicologia do Comportamento Desviante
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Cátia Carvalho está na República Democrática do Congo para estudar as condições de vida em que os refugiados vivem num campo, bem como as circunstâncias que os levaram até ele. A estudante de mestrado integrado em Psicologia do Comportamento Desviante na Universidade do Porto quer compreender “como se providencia educação, alimentação, cuidados de saúde e ajuda psicológica”, explica ao P3 numa entrevista por e-mail. “Basicamente, quero inteirar-me de todas as questões pertinentes no seu quotidiano.”

A jovem de 23 anos sempre se interessou por direitos humanos, mas foi uma disciplina que frequentou na Universidade Católica que a despertou para o tema. Com o passar do tempo, percebeu que visitar um campo de refugiados era algo que gostaria de fazer e o interesse recaía, sobretudo, em África. “Quando iniciei o meu mestrado decidi que queria estudar os refugiados e, deste então, procurei autorização para ir a um campo, o que se revelou bastante demorado e difícil”, conta.

A autorização chegou alguns meses depois e, no fim de Fevereiro, viajou para a República Democrática do Congo para conhecer o campo de refugiados de Molé, com o apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) mas sem qualquer ajuda financeira. Em Molé vivem mais de seis mil refugiados centro-africanos.

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Em Molé, na República Democrática do Congo, a jovem estuda o modo de vida dos refugiados centro-africanos

No estudo — “qualitativo, de carácter exploratório e etnográfico” —, Cátia usa entrevistas aprofundadas a refugiados, perguntando sobre as condições de vida no campo, sobre como se sentem e “que emoções expressam em relação a essa nova vida”. Para tornar a integração mais simples, fez um curso de francês e aprendeu, também lingala, uma das línguas faladas na República Democrática do Congo.

Perceber que tipo de ajuda o ACNUR fornece e de que forma os refugiados imaginar a sua vida no futuro são, também, pontos importantes, bem como a observação do “quotidiano no campo”: “actividades diárias, passatempos, prestação de cuidados médicos e demografia”.

A ideia é poder ajudar a encontrar soluções para algumas das questões mais problemáticas deste tipo de campos e, no fim desta investigação, Cátia entregará ao ACNUR um artigo. No futuro, a jovem gostava de estudar “as condições em que os refugiados vivem em Portugal e poder contribuir para que o nosso país possa abrir portas à multiculturalidade e desenvolvimento”, talvez numa tese de doutoramento.

Artigo corrigido às 11h32: lingala é uma das línguas faladas na República Democrática do Congo, e não um dialecto.

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