Optimus Primavera Sound: de Kendrick Lamar a Caetano

Cartaz do Optimus Primavera Sound revelado. The National, Slowdive, Godspeed You! Black Emperor e Television são outros destaques

Num festival em que uma das "cabeças de cartaz" é o próprio Parque da Cidade (palavras de Abel Gonzáléz, director do booking do Primavera Sound), foram desvendadas, esta sexta-feira, na Câmara Municipal do Porto, entre muitos aplausos e apupos, muitas outras. Kendrick Lamar, Caetano Veloso, The National e Slowdive são alguns dos destaques de um festival que, já o dissemos, "abre-se musicalmente mais que nunca".

E tem tudo. O hip-hop além-fronteiras de "Good Kid, M.A.A.D. City", que colocou Lamar nas bocas do mundo. O Brasil do ícone Caetano Veloso (que em Abril passa por Lisboa) e de Rodrigo Amarante, companheiro de Devendra Banhart, ex Los Hermanos. Os regressos de Slowdive e do mítico "Marquee Moon" que os essenciais Television vão tocar de fio a pavio. As confissões dos The National que ousam, mais uma vez, quebrar a norma e regressar ao sítio onde já foram felizes (é conhecida a relação entre os norte-americanos e Portugal).

O difícil será, talvez, escolher. Logo veremos. Mais: para além dos já confirmados Neutral Milk Hotel, criadores do hino "In The Aeroplane Over The Sea", e dos Pixies, educadores de umas quantas gerações, estarão no Porto, de 5 a 7 de Junho, os sempre ansiados Godspeed You! Black Emperor (anúncio que rendeu muitos aplausos), a "banda da casa" Shellac, o irrequieto "rock'n'roller" Ty Segall, os míticos Slint (vem a caminho uma edição de luxo de "Spiderland") e convém não perder as paisagens sonoras pós-rock dos Mogwai ou o "groove" efervescente dos Spoon. O Optimus Primavera Sound (OPS) conta ainda as irmãs sensação Haim, a não menos sensação Sky Ferreira, diva nascida na Internet, observada com muita curiosidade desde então, o universo geométrico e celestial de Glasser e as Warpaint, que regressam a Portugal depois da passagem pela Aula Magna em Março.

Foto
Caetano Veloso DR

"Quero que o Porto faça moda"

St. Vincent traz o seu álbum homónimo, que é lançado ainda este mês, e os Cloud Nothings apresentam "Here and Nowhere Else". Numa espécie de conferência de imprensa atípica (a apresentação do cartaz foi aberta à cidade e o "line-up" apresentado em vídeo), o anúncio dos Pond, que partilham membros com os Tame Impala, arrancou também uns quantos aplausos. E, antes de se esgotar o fôlego, há que destacar Charles Bradley, senhor de uma soul "old school", que toda a vida esperou por uma carreira, e os esfuziantes !!! (Chk Chk Chk), o íntimo John Grant e o caldeirão de influências dos John Wizards (que não chegaram a actuar no Vodafone Mexefest). A representar Portugal, estão os You Can't Win Charlie Brown, os Torto, os HHY & The Macumbas e a super-banda Os Da Cidade, composta por António Zambujo, João Salcedo, Miguel Araújo e Ricardo Cruz.

Todos estes nomes — e muitos outros, para ver aqui — foram anunciados esta sexta-feira no átrio da Câmara Municipal do Porto, numa sessão que foi aberta ao público e que foi também marcada pela estreia do documentário "Driving Without License", produzido pelo Canal 180. Sala cheia para conhecer o cartaz, pelo que as intervenções que antecederam o anúncio foram, muitas vezes, silenciadas pela ansiedade crescente.

Preservar o Parque da Cidade, fazendo com que o festival tenha "o mínimo impacto" no recinto, foi um dos objectivos frisados por José Barreiro, director do Optimus Primavera Sound, tal como a vontade que o evento, que vai na terceira edição, seja um "actor da internacionalização" da cidade. Propósito aceite e replicado pelo presidente da autarquia, Rui Moreira, que confessou não simpatizar com a visão de que "o Porto está na moda" por causa dos voos "low cost". "Quero que o Porto faça moda", sendo que, para o autarca, o OPS é "fundamental" nessa "estratégia".

Artigo actualizado às 14h27 de 10 de Fevereiro

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