Mora em Linda-a-Velha e trabalha do outro lado do Tejo, mas apesar disso encontra na bicicleta a melhor forma de ir para o trabalho, combinando-a com o barco. Nos outros dias da semana, Gonçalo Pais vai buscar o filho mais velho à escola, mas às sextas o especialista em Sistemas de Informação Geográfica de 36 anos segue directamente para a oficina comunitária do bairro, onde ajuda as pessoas a serem autónomas no uso da bicicleta, explicando-lhes, por exemplo, como se repara um furo ou como se afinam as mudanças.
O nascimento do primeiro de dois filhos despertou em si uma preocupação pelo futuro do mundo e quis mudar o seu modo de estar. Foi às sextas que começou a experimentar o caminho casa-trabalho. E aos poucos deixou a mota com que se deslocava para todo o lado e passou para a bicicleta. Seis anos mais tarde, o Gonçalo e o seu filho notabilizaram-se também pela viagem que fizeram a pedalar em autonomia entre Lisboa e Badajoz. Este verão percorreu com o filho 400 km ao longo da costa de Portugal. A sua bicicleta, uma longtail, tem uma bagageira, onde cabe praticamente tudo.
O que muda na tua vida nas sextas-feiras em que levas a bicicleta contigo?
Chego com energia ao trabalho pois faço exercício, leio nos transportes, falo com muita gente pelo caminho onde já vou sendo conhecido.
Existem alguns mitos (sobre a utilização da bicicleta) que tenhas vencido?
Venci o mito das subidas "impossíveis", do suor "insuportável", da impossibilidade de transportar crianças e outras cargas, por exemplo.
O que poderia melhorar nos percursos que realizas?
O estado do piso que em certos troços é lastimável, ora com buracos e recargas de betuminoso, ora com empedrado. A existência de mais pontos de água e ar seria simpático.
Um momento em que te sentes mesmo bem a andar de bicicleta...
Normalmente de manhãzinha, ao sair de casa, enquanto não existem ainda muitos carros a circular e junto ao rio.
Uma pessoa da praça pública que gostarias de ver a andar de bicicleta e porquê...
Qualquer um, pois é sempre positivo para a causa mas diria que gostava de ver o presidente do ACP, Carlos Barbosa, a andar de bicicleta, para que pudesse ver a cidade com "outros olhos".
O que tens a dizer a quem diz que andar de bicicleta na sua cidade é impossível?
Digo, impossíveis só na nossa cabeça! Com vontade e falando com quem faz isto há mais tempo é possível ir ultrapassando as várias dificuldades que aparecem à nossa frente quando decidimos utilizar a bicicleta como meio de transporte. Chutem o "im" e fica possível!
