Este é um dos mais populares videojogos do mundo aliado ao cinema de acção de Hollywood e com a presença de Van Damme. O que poderia correr mal? Até o (grande) Raul Julia estaria presente.
Estávamos, claro, em 1994 e Van Damme ainda tinha uma reputação decente. Junta-se tudo num filme de porrada pura e dura e parece um casamento perfeito.
Ainda me lembro quando ouvi falar do filme pela primeira vez. Estava em casa duns colegas a jogar Mega Drive, quando alguém começou a relatar o que tinha acabado de ver no cinema: "Street Fighter, o filme". E agora, em primeira instância, contava-nos todos os seus pormenores.
Segundo ele, só havia uma cena mais fantasiosa: quando o Van Damme sai dum elevador e dá um salto em pontapé sem tomar balanço, atingindo fortemente o Raul Julia.
Mas pronto, isso desculpava-se porque o resto “era excelente”. Lá esperamos com ansiedade até o filme chegar ao clube de vídeo para conseguir ver esta nova obra-prima. Escusado será dizer que naquele dia todos nos esforçámos por gostar do filme. Mesmo muito. Mas não fomos bem sucedidos.
Havia demasiadas personagens, o argumento estava cheio de buracos e alguns elementos não faziam justiça ao jogo. Como última machadada, a Capcom lançou um videojogo baseado no filme com personagens digitalizadas do mesmo (influenciados talvez por "Mortal Kombat"?). "Street Fighter: The Movie - The Game", acaba por ser um dos piores jogos que alguma vez joguei. Tudo o que envolvesse "Street Fighter" e a palavra “movie” era sinónimo de desgraça.
Rapidamente tudo ficou esquecido como uma lembrança de um passado distante, algo entre um sonho e um delírio. Teria sido mesmo verdade? Havia um filme sobre o "Street Fighter" com o Van Damme e o Raul Julia?
Nos anos seguintes, Van Damme continua a sua carreira com mais êxitos cinematográficos envolvendo artes marciais, mas Raul Julia abandona-nos. "Street Fighter" foi (infelizmente) o seu último filme.
Um dia, a Internet em peso recupera "Street Fighter" do baú. Havia um filme sobre o mítico jogo. E era tão mau que só podia ser bom. Como piada, ofereci a versão em DVD a um colega, que é fanático da série, e claro, assim que desembrulhou o presente deu uma valente gargalhada. Isto resume bem no que se tornou o filme.
Talvez seja melhor (re)ver "Mortal Kombat". Mas isso é uma crónica que fica para outro dia.
