Edifício Axa: exposição retirada por causa de sede de campanha

Câmara do Porto diz que artistas que retiraram uma exposição do projecto 1.ª Avenida tomaram uma “posição política”. Em causa está sede de candidatura de Rui Moreira

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Joana Maltez

A empresa municipal Porto Lazer considera que os artistas que retiraram uma exposição do projecto 1.ª Avenida, criticando a abertura da sede de candidatura de Rui Moreira no edifício Axa, tomaram uma “posição política”.

Em comunicado divulgado na quinta-feira, a Porto Lazer considera que a “posição assumida pelos artistas em questão inclui argumentos descontextualizados do espírito do Edifício AXA, sede do projecto 1.ª Avenida, e não sede de qualquer candidatura autárquica”.

Para a empresa municipal, que dinamiza aquele projecto artístico na avenida dos Aliados, os argumentos dos artistas só podem ser interpretados “como uma tomada de posição política por parte desses artistas, e não como uma tomada de posição face ao projecto em si”.

"Falta de respeito" para com artistas

A exposição “Uma questão de género” foi desmontada por decisão da curadora Raquel Guerra, que declarou à Lusa considerar que existirem “problemas de produção e uma total falta de respeito por parte da Porto Lazer” para com os artistas.

Os artistas mostram-se solidários com a decisão da curadora e afirmam, em comunicado, “a sua recusa absoluta em coabitar no edifício AXA com a sede de campanha da candidatura autárquica de Rui Moreira”, que consideraram “contaminante da identidade das propostas artísticas”.

A sede da candidatura de Rui Moreira à Câmara do Porto abriu no dia 4 de Maio, num espaço no rés-do-chão do edifício Axa, onde também existe uma agência de viagens. A inauguração deu-se depois da abertura do projecto “1ª Avenida” que ocupa pisos superiores do edifício.

Sobre a questão dos problemas de produção, a Porto Lazer, “partindo do pressuposto que se possam ter verificado factos que tenham afectado o trabalho artístico desenvolvido”, afirma estar a “estudar acertos na equipa afecta ao projecto com responsabilidades de programação e de produção”.

Para a Porto Lazer, “um projecto aberto” como o “1ª Avenida”, comportará sempre “um risco suplementar de instabilidade na programação e na produção” que espera ultrapassar “depois desta fase inicial de arranque”.

Rita Castro Neves, uma das artistas, afirmou à Lusa que os que trabalham gratuitamente neste projecto encontraram “condições de produção muito difíceis e até desrespeitadoras dos artistas”. Mas a “gota de água” foi “chegar e ver que a sede de campanha se encontra no mesmo edifício”.

“Não queremos participar desta campanha, não queremos que sejam tirados benefícios ou capitalizados na área da cultura quando, na realidade, o que nós vemos na nossa cidade é que ela está esvaziada nos últimos oito anos de governação pelo Rui Rio, que apoia este candidato”, afirmou Rita Castro Neves.

A artista afirmou ainda que a vontade de participar se deveu à experiência positiva que fora o projecto Manobras, também promovido pela Porto Lazer com fundos comunitários, e pelo “grande respeito dos artistas pelo comissário do projecto o José Maia” com quem já haviam trabalhado anteriormente.

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