Mudam-se os sons... movem-se as paredes?

E se as paredes e o tecto se mexessem, de acordo com o tipo de som desejado/propagado? ?A resposta pode estar no projecto “Resonant Chamber”, que se inspira no origami

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A experiência de assistir a um concerto ou espectáculo em cena/palco leva repetida e recorrentemente milhares de pessoas a investirem várias dezenas de euros em bilhetes que, no caso de se tratar de uma sala, acrescenta a exigência de uma boa qualidade sonora.

Os bilhetes mais caros “voam” sempre muito depressa e as limitações do “bolso” levam muitos a escolher lugares laterais e/ou mais afastados do palco, para que não se perca o evento nem se comprometa o orçamento pessoal.

Ainda assim, quem é que nunca saiu desiludido com o som do Campo Pequeno, na Casa da Música ou do Pavilhão Atlântico?

Na maioria dos casos em que o espectáculo/concerto é ao ar livre, não há grande possibilidade de controlo do som propagado, pela natureza do espaço, pela diversidade de locais, distâncias e ângulos do público face ao palco.

Ao invés, nos espaços fechados, a qualidade do som é mais controlável e, consequentemente, tem uma ponderação bem maior enquanto factor de sucesso do espectáculo que se assiste, sejam peças de teatro, bailados, ópera, ou mesmo concertos.

Há que ter em conta a intensidade do som, a reverberação usada, os ecos e reflexões naturais da sala, e por aí fora... todo o estudo acústico é pouco, toda a preparação é pouca, porque a exigência da plateia é alta e, numa grande percentagem dos casos, sujeita a comparação com outros concertos em que o som estava, num determinado ponto da sala, a soar perfeito, como se se estivesse “mesmo em cima do palco”.

Além de uma cuidadosa escolha de materiais e geometria da sala (no seu todo e no desenho das paredes e tecto, em si), existem upgrades originais e muito úteis para ajustar a acústica à situação.

E se as paredes e o tecto se mexessem, de acordo com o tipo de som desejado/propagado? ?O projecto “Resonant Chamber” é um sistema de envolvência interior que, tendo inspiração em estruturas rígidas de origami (por cá, diríamos que a inspiração foram os infantis “quantos-queres”), faz com que a superfície da parede se estique ou enrugue, proporcionando alterações às reflexões sonoras e, consequentemente, à propagação do som no espaço.

Sabemos que uma câmara de ressonância é um espaço onde a arquitectura é desenhada de forma a que o seu interior optimize a reflexão de ondas sonoras, funcionando assim como um amplificador de som, mas normalmente pensamos num espaço destes como sendo estático/imutável; este projecto recorre a pequenos braços mecânicos para criar alterações arquitectónicas com consequências acústicas.

São as alterações à dinâmica espacial, pelos materiais e tecnologia electro-acústica que criarão uma esfera sonora equilibrada capaz de se ajustar às necessidades do espaço, mesmo durante uma performance e não apenas antes da mesma, em tempo-real.

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