Cientistas criam técnica para tornar cérebros transparentes

Técnica desenvolvida na Universidade de Stanford pode abrir novos caminhos para a compreensão das conexões nervosas

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Chris Helgren/Reuters

Cientistas da Univesridade de Stanford, nos Estados Unidos, desenvolveram um novo método que permite tornar órgãos inteiros completamente transparentes. A técnica chama-se Clarity e poderá abrir novos caminhos para, por exemplo, a compreensão das conexões cerebrais. 

Quando aplicado ao cérebro de ratinhos de laboratório, o Clarify (PDF) mostrou-se capaz de tornar transparente quase a totalidade do tecido nervoso. O estudo foi publicado quarta-feira na revista científica "Nature".

A técnica consiste em mergulhar os órgãos em hidrogel e, depois, em remover os lípidos dos tecidos através do uso de um detergente chamado SDS. São as moléculas "gordurosas" que geralmente bloqueiam a passagem da luz. Uma vez removidas, o órgão ganha uma aparência translúcida e pode ser melhor explorado pelos investigadores. O resultado é um órgão quase intacto que pode ser inteiramente visto por dentro.

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Kwanghun Chung and Karl Deisseroth, Howard Hughes Medical Institute/Stanford University

"Este trabalho é espectácular. Os resultados são diferentes de tudo o que há nessa área [de investigação]", explica Van Wedeen, um neurocientista do Massachusetts General Hospital em Boston, citado no site na "Nature". Van Wedeen acredita que o método pode revelar importantes detalhes celulares que complementem a informação existente sobre os circuitos neuronais.

Esta não é a primeira vez que os cientistas tentam tornar os cérebros em estruturas transparentes. O Clarity, segundo o site PopSci, tem o mérito de funcionar melhor com marcadores químicos e ser mais rápido do que as técnicas existentes. Os marcadores químicos permitem destacar células específicas, fornecendo pistas para compreendermos melhor a actividade cerebral. 

 O Clarity pode vir a ser útil no estudo de doenças mentais como a esquizofrenia, o autismo e depressões. No entanto, ainda há muito trabalho pela frente pois, até agora, o método foi apenas aplicado a ratos. O cérebro humano é maior e, como tal, tem mais lípidos.

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