Erica Fontes:"Nunca fiz nada que me custasse, porque faço apenas o que gosto"

"As pessoas pensam que ser uma actriz de filmes para adultos é um bicho de sete cabeças, mas não, somos pessoas iguais às outras", diz Erica Fontes nesta entrevista

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Vencedora do prémio XBIZ 2013
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Vencedora do prémio XBIZ 2013
ErosPorto 2013 Ângela Pereira
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ErosPorto 2013 Ângela Pereira

Do "striptease" às massagens eróticas, passando pelo sadomasoquismo, a actriz porno, que recebeu um prémio XBIZ, dos mais importantes do cinema pornográfico, marcou presença na Exponor, que, juntamente com o marido Ângelo Ferro, divulgaram a nova produtora Sweet And Devils. A VI edição do salão erótico acabou este domingo e contou com a presença de figuras públicas e profissionais estrangeiras. 

 

Como entraste na indústria pornográfica?

Entrei por curiosidade, eu e o Ângelo Ferro, que é o meu marido. Vimos uma reportagem sobre uma nova produtora em Portugal e, por curiosidade, pesquisamos o "link" e inscrevemo-nos. Passado uma hora telefonaram-nos, passado um dia ou dois foi o "casting", e uma semana depois fizemos a primeira cena. Como eu costumo dizer, gostámos e continuámos.

 

Com 21 anos e depois de teres participado em mais de 100 produções pornográficas, qual é o segredo do teu sucesso? O que te distingue?

O segredo é estar nesta indústria a 100% e realmente querer fazer carreira. Uma pessoa que entre a 99% e não sonhe fazer uma carreira, nunca vai atingir [o sucesso]. É como ser jogador de futebol, é como ser modelo, temos de querer, temos de estar a 100% e temos de lutar, batalhar. No meu caso, como não existiam actores antes de mim, tive de aprender tudo sozinha, lutar sozinha.

 

Se aos 18 anos não tivesses entrado na indústria do sexo, o que é que estarias a fazer agora?

Tinha seguido estética, ou algo do género. Tudo o que tenha a ver com estética, roupas ou moda.

 

Nesta profissão, o que é que mais te custa fazer?

Nada me custa. Normalmente, as pessoas têm a ideia que por seres actriz de filmes para adultos, fazes tudo, o que não é verdade. Tu geres o teu próprio negócio, a tua própria carreira. Só fazes aquilo que queres, tu escolhes. Desde as cenas, os actores, o cenário, as posições… Por isso nunca fiz nada que me custasse, porque faço apenas o que gosto.

 

Qual é o maior desafio nesta profissão?


Para além de viajar e sair de Portugal, é falar inglês. Decorar guiões em inglês não é fácil.

 

Como avalias a indústria em Portugal?

Como eu e o Ângelo dizemos sempre, Portugal comparado com o resto da Europa ou EUA, e tendo em conta Budapeste, é um bebé. Completamente um bebé. Ainda está a dar os primeiros passos. Porque também não temos actores. Acabamos por ser sempre eu e o Ângelo. Os actores aparecem e desaparecem e é um problema em Portugal. As pessoas querem fazer disto um escape para ganhar dinheiro em vez de seguirem uma carreira. Como costumamos dizer, quem se queima por um filme, queima-se por mil e enche mais o bolso. Mas claro, é opção de cada um.

 

O que é que te vês a fazer daqui a 20 anos?

 Normalmente, penso sempre no presente, não tanto no futuro. É claro que o meu primeiro objectivo quando iniciei carreira era ir para fora. Depois, seria destacar-me lá fora, o que também consegui. Agora quero abrir uma produtora. Um dos meus grandes sonhos era ser produtora de filmes e consegui realizá-lo. Por isso, daqui a 20 anos vejo-me como produtora.

 

No futuro, gostarias de ser mãe, constituir família?

Sinceramente, neste momento, não penso nisso. Tento aproveitar a minha carreira, viajar bastante com o Ângelo, participar neste tipo de eventos em Portugal, conseguir que as pessoas percam um bocado o pudor, a timidez que têm com o sexo. Ainda sou nova, tenho 21 anos, tenho muita vida pela frente.

 

Se tivesses um filho que enveredasse pela pornografia, qual seria a tua reacção? Permitirias?

Eu vejo [a indústria do sexo] como uma profissão igual às outras. Aliás, no mundo da pornografia temos muitas actrizes casadas e mães. E, como elas dizem, esta é uma profissão que se fosse opção de um filho também não haveria problema. Cada um segue aquilo que quer.

 

Como conjugas a tua vida profissional com a emocional?

Eu sei separar muito bem as coisas. Vida profissional é estar no trabalho, estar lá e fazer o meu papel, porque ao fim e ao cabo sou uma actriz – tenho que representar um papel, encarar a personagem que me derem no guião. A nível pessoal sou casada e como costumo dizer, lavo a loiça, lavo o chão, levo o cão a passear... As pessoas pensam que ser uma actriz de filmes para adultos é um bicho de sete cabeças, mas não, somos pessoas iguais às outras.  Também temos vida pessoal. 

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