Futuro dos portugueses pode passar por países onde as propinas são grátis

Muitos estudantes que visitaram a Futurália fixaram-se nos postos de informação de universidades estrangeiras, considerando a hipótese de abandonar Portugal

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Dinamarca e Suécia disponibilizam cursos gratuitos para estrangeiros -bartimaeus-/ Flickr

Em frente ao “stand” de uma empresa de mediação entre estudantes e universidades estrangeiras, Carolina e Luciana, alunas do 12.º ano, consideravam as suas hipóteses. Ambas interessadas em prosseguir estudos na área do Serviço Social ou Animação Sociocultural, tentavam saber mais sobre as ofertas nestas áreas, em países como a Suíça, a Holanda ou o Luxemburgo, possíveis destinos das futuras alunas universitárias.

“Achei muito interessante, e estou a ver se os cursos que quero existem lá fora. Estou a ponderar ir”, disse à Lusa Carolina, que admitiu estar também a considerar ficar no país de destino, depois de concluído o curso, para trabalhar e viver. “Gostava de ir para a Suíça ou para o Luxemburgo, onde tenho família. Gostava de voltar para cá, onde tenho família e amigos, mas também é tudo uma questão de hábito e adaptação”, disse, por seu lado, Luciana.

Miguel Covas, responsável pelo posto de informação da “Information Planet”, explicou que esta empresa de mediação ajuda os alunos a matricularem-se nas universidades estrangeiras, a preparar as viagens, a instalarem-se no país de destino e até oferece “consultoria” para os ajudar a escolher o melhor curso, de acordo com os objectivos dos estudantes.

Revelou também que, apesar de este ser apenas o primeiro dia da Futurália, a feira de educação e formação para jovens, foram muitos os que passaram pelo posto a pedir mais informações, e que foram surpreendidos pela oferta.

“A situação económica do país faz com que as pessoas sejam mais atentas e procurem novas oportunidades lá fora. Países como a Dinamarca e a Suécia, neste momento, estão a oferecer os cursos, ou seja, vou estudar e o único custo que tenho é o custo de vida no país”, disse Miguel Covas.

O responsável explicou que os governos da Dinamarca e da Suécia estão disponíveis para “patrocinar as propinas dos alunos estrangeiros”, que podem custar entre 10 e 15 mil euros, com a perspectiva de que eles se fixem no país. A permanência nos países de destino, frisou, ajudá-los-ia a resolver dois problemas: a falta de profissionais qualificados em determinadas áreas, nas quais existe uma carência, e a combater o declínio da natalidade e o envelhecimento da população.

“São cursos que, depois de terminados, oferecem fortes possibilidades de integração no mercado de trabalho do país. Estão a oferecer cursos gratuitos, porque querem alimentar a base do país”, acrescentou Miguel Covas.

E o futuro?

Sofia e Margarida, também alunas do 12.º ano, e também a considerar a hipótese de estudar no estrangeiro, não deixaram no entanto de espreitar as ofertas nos postos de informação das universidades nacionais, na esperança de “tentar decifrar” o que poderá ser melhor para o seu futuro.

O emprego é, para as duas jovens finalistas do ensino secundário, um factor determinante para a escolha, e Sofia admitiu mesmo já ter excluído Psicologia das opções de cursos universitários, face à taxa de desemprego no sector.

Já Francisco, aluno do 9.º ano, que ainda não tem ideias muito definidas sobre as áreas de estudo que pretende seguir, sabe no entanto que vai “apostar bastante na formação” e referiu que a Futurália o ajuda a ter contacto com as várias opções. Decidido a seguir para a universidade e concluir uma formação superior, o jovem aluno garantiu, no entanto, que vai procurar acautelar o futuro.

“Encontrar um emprego neste momento já me preocupa. Não vou estudar uma coisa que, depois, não me permita encontrar emprego”, disse, ressalvando no entanto que o curso que escolher vai, ainda assim, ser numa área do seu interesse. “Acho que as pessoas, para trabalharem bem, têm de trabalhar nas áreas de que gostam”, concluiu.

Até sábado, entre estudantes e público em geral, a organização da Futurália, que decorre na Feira Internacional de Lisboa, no Parque das Nações, espera receber, pelo menos, um número comparável ao dos 53 mil visitantes que visitaram a iniciativa em 2012.

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