Cogus Box: plantar cogumelos com cartão e café

Cartão reciclado e borras de café é tudo o que os cogumelos da Cogus Box precisam para nascer. Kit custa 8 euros e leva 20 dias a produzir os primeiros fungos.

Quando vemos os vídeos até parece magia: de uma pequena caixa de cartão banal, com borras de café dentro de um saco plástico, nascem cogumelos, prontos a cozinhar. Mas, na verdade, o processo da Cogus Box não podia ser mais simples, garante ao P3 o seu criador, Fernando Castro. Qualquer pessoa, mesmo quem se ache sem queda para as plantas, pode ver cogumelos crescerem, por exemplo, no balcão da cozinha.

Cultivar cogumelos em borra de café ou em cartão não é novidade, mas juntar estes dois elementos sim. Aos 29 anos, os últimos dois passados em estudos e experiências permanentes, Fernando Castro lançou a Cogus Box. Este kit ecológico de produção de cogumelos, à venda por oito euros, apenas precisa que o dono borrife as sementes duas vezes por dia.

Novamente disponível online a partir de Janeiro (Fernando teve uma “ruptura de stock” nas últimas semanas — vendeu os cerca de 300 kits produzidos), a Cogus Box vem com instruções, fáceis de seguir. “Basta que a pessoa retire o saco da caixa, o deixe em água durante 24 horas e lhe faça um corte em xis, recorte a janelinha na caixa e coloque novamente o saco lá dentro”, explica o jovem do Fundão. A “magia” acontece 10 a 20 dias depois.

Entre duas a três semanas é quanto Fernando, que por agora está sozinho no negócio mas conta ter alguém a tempo inteiro já em Janeiro de 2013, demora a fazer um kit completo. “Na natureza, estes cogumelos estão em troncos mortes de árvore”, refere, pelo que a celulose do cartão reciclado é, claro, importante. A a borra de café “tem todos os nutrientes e propriedades da madeira” e a junção destes dois elementos “traz bastantes benefícios ao crescimento do fungo”.

Valorizar os recursos desperdiçados

“As pessoas não têm tempo nem espaço”, refere Fernando, que estudou Filosofia e Gestão Hoteleira e regressou ao Fundão para lançar o próprio negócio; daí a importância de um produto pequeno (19x12,5x10,5 centímetros) e de fácil manutenção.

Mas a questão da reciclagem de resíduos também preocupa o jovem. “Cerca de 70% daquilo que deitamos para o caixote do lixo ou desperdiçamos dá para cultivar cogumelos”, revela. É o caso, por exemplo, da cortiça ou da roupa, materiais com os quais Fernando já fez experiências bem sucedidas de cultivo.

“A minha ideia é usar o que há disponível — e que é desperdiçado diariamente — e transformar em comida”, tanto em forma de produtos como em “parcerias com associações e instituições”, diz. Desmistificar o consumo de cogumelos frescos é, também um dos objectivos deste projecto.

Para que o ciclo dos materiais fique completo, quando o kit estiver “completamente exausto” (dá para cerca de três frutificações, número que varia) é só desfazer o cartão, misturá-lo com a borra e o resto das sementes e usar como fertilizante para plantas. O saco é, obviamente, reciclável.

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