A palavra grega "Ágora" significa praça pública. Foi esse o nome escolhido por Carlos Bunga, para a instalação que construiu no átrio do Museu de Serralves.
"Este é um espaço que convida as pessoas a estarem centradas nele ou a passarem por ele". O artista plástico garante que procurou que a sua peça não afectasse o que entende como funcionalidade do átrio do museu: circulação e acesso.
Segundo o próprio, a peça é uma "estrutura arquitectónica fragmentada, inacabada, com uma componente de ruína".
Carlos Bunga sugere que o trabalho tem uma componente temporal, até pelo facto de utilizar o cartão. "Este edifício de Siza Vieira dá a sensação de se projectar na eternidade. O meu trabalho é uma metáfora do que pode ser um edifício: sugere temporalidade", contrapõe.
O artista define a sua obra como uma espécie de maqueta à escala, uma projecção espacial, o "potencial de uma ideia".
A estrutura feita em cartão pode, na opinião de Carlos Bunga, nem ser notada por quem passa no átrio, mas pode conseguir mais do que isso: pode provocar dúvidas aos que a contemplarem.
"Será que esta peça é uma obra? Será arquitectura? Escultura? Até pintura? As artes plásticas têm muito esta complexidade que está presente na sociedade contemporânea. A peça funciona como um espelho: cada um projecta nela aquilo que é. A interpretação é livre", explica.
O processo de criação do artista plástico não envolve desenho ou maqueta e implica a tomada de decisão no próprio espaço da exposição. O próprio definoe-o como “um misto de intuição com racionalidade e, também, algum improviso".
Dois convidados
Carlos Bunga afirma que um povo sem cultura não existe, pelo que considera positivas as parcerias como a que dá vida ao projecto “Sonae/Serralves”, pelo papel que desempenham na preservação da cultura.
O facto de terem sido convidados dois artistas torna o projecto mais rico, na sua opinião, devido ao ganho de diversidade e à maior "possibilidade de criar estímulos e de levantar questões".