Seven Wheels: pedalar pelas colinas de Lisboa

Pedro Ventura e Ricardo Flores criaram uma empresa que usa e abusa da bicicleta. Na Seven Wheels preocupam-se com o ambiente e gostam de devolver à vida biclas antigas

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Tudo começou com a Camisola Amarela, um serviço de estafetas de bicicleta que anda por Lisboa há quase três anos. Não satisfeitos com o serviço de “bike messengers”, Pedro Ventura, de 29 anos, e Ricardo Flores, de 34, decidiram expandir a empresa e apostar em “serviços de mobilidade, oficina, logística”. Tudo em torno da bicicleta.

A apresentação da Seven Wheels – nome inspirado nas sete colinas que rodeiam Lisboa – é feita por Ricardo, em entrevista ao P3. Foi criada em Fevereiro último e o objectivo é “trabalhar com as dez maiores empresas de Portugal”.

Cada produto da Seven Wheels (SW) “tem uma justificação”, sublinha Ricardo. A Camisola Amarela apareceu primeiro e os mensageiros que percorrem Lisboa com uma mochila preta às costas já não são novidade. Ricardo e Pedro querem tornar o correio feito em bicicleta na melhor opção dentro da capital portuguesa – e as janelas horárias para veículos de combustíveis fósseis recentemente implementadas parecem ajudar.

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Na oficina ecológica, a equipa da Seven Wheels gosta de bicicletas antigas

Ao todo, na Seven Wheels, há 15 pessoas que apenas se dedicam a transportar encomendas por Lisboa, de bicicleta. A cidade vai, até, receber, no final de Setembro, um campeonato ibérico de “bike messengers”.

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Na SW também gostam de biclas antigas, “que ficaram esquecidas em casa do avô ou na arrecadação” lá de casa. Por isso criaram uma oficina com um conceito ecológico, a funcionar no mesmo espaço dos escritórios, na Avenida Sidónio Pais, bem pertinho do Marquês do Pombal. “Não deitamos peças fora e usamos processos ecológicos”, garante Ricardo, enquanto explica que o espaço tem luz natural, os produtos são ecológicos e o uso de aerossóis é desaconselhado.

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Já são 15 os estafetas da Camisola Amarela que percorrem Lisboa a entregar encomendas

Pôr Lisboa no mapa do “bike touring”

Quando há eventos nacionais sustentáveis com os quais a equipa, que já conta com cerca de 20 pessoas, se identifica, a SW apoia com uma viagem. Foi o caso do Festival Milhões de Festa, que aconteceu em Julho em Barcelos: uma delegação da Seven Wheels percorreu o caminho entre Lisboa e a cidade minhota de bicicleta.

Os mentores deste projecto olham para o “bike touring” como uma oportunidade para a imagem da cidade. “Já temos infra-estruturas, rotas, bicicletas, equipas” para visitas guiadas, conta Ricardo, mas o próximo objectivo é fazer com que o turista, ao visitar Lisboa, consigam “aceder ao resto do país de bicicleta”. “Nos próximos dois anos vai ser um produto a funcionar muito bem”, à imagem do que aconteceu com as escolas de surf, que só precisaram de divulgação, compara.

O desenvolvimento de soluções para organizações, na área da mobilidade, é outro dos desafios da empresa, tendo sempre em mente a diminuição de emissões poluentes. “Se uma equipa de comerciais de uma empresa necessita de visitar clientes, pode fazê-lo de bicicleta. Nós fazemos a avaliação dos recursos, das pessoas, das bicicletas”, explica. Mas também organizam eventos de “team building” com as duas rodas como tema principal – e já há grandes companhias a solicitar este serviço.

Na SW não se comercializam bicicletas. O que Ricardo e Pedro querem é transmitir “know-how” e usar parceiros para fazer a venda final de serviços . Em parceria com uma empresa dinamarquesa, a Seven Wheels desenvolveu uma nova bicicleta, chamada “cargo bike”, com algumas diferenças face às mais comuns. “É mais longa e leva a carga à frente”, revela Ricardo. Esta bicla vai permitir que os estafetas consigam transportar encomendas muito mais pesadas. Chega ainda durante o mês de Setembro.

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