Português que criou para a Louis Vuitton leva colecção à semana da moda de Londres

Depois do Porto, Paris. Depois de Paris, Londres. João Pedro Filipe, designer de calçado e acessórios, ganhou o Fashion Hub 2012 e está agora a desenhar uma linha de calçado masculino

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Daniel Nunes

Pista número um. João Pedro Filipe criou uma linha de 25 modelos de sapatos e 12 luvas para a Louis Vuitton, embora a conhecida marca francesa só tenha produzido um par de cada. Mesmo assim, foi um marco importante na carreira do designer português, mas agora o desafio é outro. E passa por Londres.

 

A última boa notícia foi ter o nome entre os seis designers que serão apoiados pelo Fashion Hub 2012, uma plataforma de moda em Guimarães criada no âmbito da Capital Europeia da Cultura. O intuito é apoiar os seis jovens talentos e “reforçar a ideia do Norte de Portugal como um pólo de moda para o mundo”. Entre outras oportunidades, os criadores vão poder apresentar o seu trabalho em mercados profissionais dentro e fora do país.

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Colecção Maria Gambina Inverno 2013 Daniel Nunes

 

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Colecção inverno 2013 DR

É ainda de forma muito resguardada que nos fala sobre a linha de calçado para homem que está a criar para o Fashion Hub. Do tema, que, admite, “ainda não é específico”, transparece “o espírito" que quer desenvolver e que "reflecte um produto feito num meio mas utilizado num outro, mais urbano”. Descreve a colecção como tendo um lado “retro e clássico e outro contemporâneo, com laivos de inspiração na arquitectura”.

 

O criador, com 31 anos, dá importância à “mobilidade da vida quotidiana” e, para explicar o que quer dizer com isso, dá-nos o exemplo dos “homens que usam bicicletas”, uma imagem que ainda não é comum em Portugal. Adjectiva a sua estética como sendo “austera e pesada”, confessa que pesquisa os clássicos mas simplifica ao máximo em termos de linhas.

 

Ainda na sequência deste prémio, o jovem natural da Nazaré vai em Setembro ao Reino Unido, mostrar a colecção durante a London Fashion Week, uma das mais mediatizadas semanas de moda no mundo. 

 

Indústria vs obra-de-arte 

Hoje em dia, o trabalho que desenvolve é maioritariamente para a indústria, enquanto criativo da equipa da Exceed. Conta ao P3 que, quando desenha sapatos para serem comercializados, considera “difícil deixar passar muito do universo pessoal” porque há marcas às quais tem que se moldar.

 

Não encara a existência de limites como um problema, mas sim como um desafio que passa por “conseguir o balanço entre o comercial e a estética”.

 

Por outro lado, o desenho de calçado enquanto peça artística ou obra de arte permite “arriscar”. Exemplo disso foi a colaboração que fez com Maria Gambina em que inspirado numa história idealizada pela criadora, teve que desenhar uma linha de sapatos que “não tinham necessariamente o intuito de ser comercializados”.

 

Esta paixão pelo calçado, descobriu-a em Paris, quando tirava no Institut Français de la Mode uma pós-graduação no Programa Internacional de Design de Moda. Antes disso, já tinha no bolso o curso de Design de Moda que concluiu no CITEX.

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