Ana Rua desenhou um móvel que é mais do que isso

É arquitecta e desenha peças de mobiliário. Esteve presente na Clerkenwell Design Week, e sexta-feira, dia 22, apresenta uma exposição em nome próprio

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Ana Rua é arquitecta, mas decidiu aventurar-se pelo design de mobiliário. Recebeu-nos na Casa da Arquitectura, em Matosinhos, e a conversa andou à volta de vontades, arquitectura, móveis e sapatos.

Com uma exposição em nome próprio ("Skin & Skeleton: Make your own wardrobe") a inaugurar sexta-feira, dia 22 de Junho, às 21h30, na Casa da Arquitectura, Ana Rua está entusiasmada. Nas paredes da sala da exposição estão desenhos, fotografias, rascunhos, pedaços de tecido, cartões, e um poema de Fernando Pessoa.

Tem 29 anos e vive no Porto desde 2009. Licenciada em Arquitectura pela Universidade do Porto (FAUP), Ana Rua andou algum tempo por Espanha e EUA. Trabalhou com Serôdio Furtado, Barbara Rangel, Tod Williams & Billie Tsien e no escritório português ABprojectos.

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A exposição na Clerkenwell Design Week

Recentemente, arriscou (quase tudo) quando saiu do local onde trabalhou três anos. "Foi algo que se proporcionou, até porque estava a pensar sair de Portugal", observa. No entanto "precisava de um projecto para além do portfolio", algo que surgiu num período de "grande insegurança" na vida da arquitecta.

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Numa das muitas noites sem dormir, Ana Rua pensou "arrumar o quarto de uma forma mais organizada". Numa desarrumação de ideias, surgiu o seguinte pensamento: "onde coloco os meus sapatos? poderia fazer um móvel para os organizar melhor". Foi assim que nasceu a marca Ana Rua, um projecto de uma arquitecta que produz um móvel de sapatos totalmente personalizado e que pode ser adaptado a um armário de crianças.

Entre a aceitação por parte dos amigos e a elaboração de vários esboços, Ana Rua chegou a expor na Clerkenwell Design Week 2012. "Uma experiência que me deu uma visão de como representar as coisas que projecto", recorda. Houve bastante curiosidade e aceitação por parte do publico que passava no stand da CDC.

Os móveis ainda podem ser intemporais

Com a maqueta, em madeira, do móvel de sapatos, Ana Rua explicou como tudo funciona: "o armário é feito em madeira, com algumas partes em tecido e isso faz com que haja ventilação tendo em conta os sapatos guardados" E continua "para além de que os tecidos podem ser trocados de acordo com as mudanças que as pessoas quiserem impor no seu quarto e como é um armário pequeno (1,40 cm) pode ser utilizado como roupeiro para criança". Como? "Os pequenos paus de madeira, que servem para organizar os sapatos, podem ser utilizados como varão, e posteriormente unidos de maneira a formar uma prateleira".

O principal conceito prende-se com o facto de que uma estrutura deve ser forte e intemporal, algo que funciona bem com a personalização do móvel, através da modificação dos tecidos que o cobrem. "Isto vem da influência do arquitecto Mies van der Rohe, que dá bastante significado à intemporalidade e beleza das estruturas", observa a arquitecta.

Ana Rua acredita que "as pessoas devem fazer as coisas com gosto e entusiasmo". Aliás, esta ideia aparece na sua vida através de um poema de Fernando Pessoa — que traz sempre consigo — e transmite algo como "pôr tudo o que se é, naquilo que se faz". De momento, Ana Rua está na parte do mobiliário, mas a arquitectura continua a ser a sua grande paixão.

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