Estudo americano sugere que somos capazes de distinguir um gay apenas pelo rosto

Trabalho de duas universidades americanas diz que é mais fácil identificar uma lésbica do que um homossexual homem. Todos temos um "gaydar", garante o estudo

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Poucos participantes revelaram grande incapacidade de identificar a orientação sexual nos rostos Rui Gonçalves/nFactos

A investigação tem o título “As funções de processamento de faces em julgamentos sumários de orientação sexual” mas quase todas as notícias publicadas sobre o estudo falam que estamos perante a prova de que o "gaydar" – uma espécie de radar para identificar gays – existe.

Há muitas pessoas que alegam ser capazes de entrar numa sala e identificar quase de imediato quem é e quem não é homossexual. Um estudo realizado por investigadores da área da Psicologia de duas universidades norte-americanas concluiu que os rostos das lésbicas são mais facilmente identificáveis do que os dos homossexuais homens. O artigo foi publicado esta quarta-feira na revista PLoS One.


O trabalho dos especialistas do departamento de Psicologia da Universidade de Washington e da Universidade de Cornwell (em Nova Iorque, EUA) envolveu uma série de experiências com 96 imagens de rostos de pessoas heterossexuais e homossexuais, nas quais participaram 129 estudantes universitários. O que pedia aos participantes era para dizerem se o rosto exibido durante menos tempo do que levamos para piscar os olhos era de alguém homossexual ou não.

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Pedro Cunha


Os resultados mostram que é mais fácil identificar uma lésbica do que um homossexual homem, mesmo quando as fotografias dos rostos são colocadas de pernas para o ar. No caso das lésbicas registaram-se 65% de respostas certas enquanto que nos homossexuais homens houve 57% de respostas correctas.

Razões suficientes para muitos concluam que, afinal, o chamado "gaydar" pode mesmo existir e que as pessoas fazem esta distinção entre gays e heterossexuais inconscientemente quando olham para um rosto pela primeira vez. A capacidade de acertar com apenas um olhar pode estar apoiada na observação ou poderá mesmo ser uma questão de instinto.

Só rostos, sem cabelos, sem nada


Joshua Tabak, o principal autor do estudo, refere mesmo num comunicado da Universidade de Washington que esta capacidade pode ser comparada à distinção que somos capazes de fazer para distinguir uma mulher de um homem sem ter de pensar nisso.


As 96 fotografias usadas nas experiências eram de pessoas que, previamente, se identificaram como gays ou heterossexuais. Nas sequências mostradas aos estudantes foram excluídos os rostos com barba, óculos, maquilhagem, piercings para evitar ou limitar eventuais associações imediatas que podiam prejudicar a observação. Apenas os rostos (os cortes de cabelo não apareciam) foram expostos.


As fotografias foram exibidas num computador em “flashes” muito rápidos no sentido correcto e ao contrário. E mesmo quando estavam de pernas para o ar, os estudantes revelaram uma taxa de acerto de 61% nas lésbicas e 53% nos homens conseguindo identificar a orientação sexual do sujeito.


Os investigadores revelam que ficaram surpreendidos quando perceberam que os participantes estavam acima dos valores que podemos atingir se tentarmos acertar à sorte (50/50) nas experiências realizadas com as imagens de pernas para o ar e que foram exibidas durante um terço do tempo que usamos para piscar um olho.


Para as pessoas que acham que o seu "gaydar" não funciona, o autor do estudo nota que também nestas experiências houve um reduzido número de participantes que revelou uma grande incapacidade de identificar a orientação sexual nos rostos mostrados.

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