Aumento do desemprego jovem fez com que Portugal atingisse valor recorde de 15,3

A subida registada em Março deve-se, sobretudo, o aumento do desemprego jovem, cuja taxa terá passado para 36,1, face a 35,4 em Fevereiro

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pennuja/Flickr

O Eurostat divulgou um novo valor recorde para o desemprego em Portugal, de 15,3% em Março, mais três décimas do que em Fevereiro e o terceiro mais alto na UE, apenas abaixo dos valores da Espanha e da Grécia. O Eurostat regista uma tendência de forte subida do desemprego no país há pelo menos um ano, e o valor conhecido esta quarta-feira fica substancialmente acima do dado mais recente do INE, que só divulga dados trimestrais: 14% entre Outubro e Dezembro do ano passado.

É possível que os valores do Eurostat de Janeiro a Março sejam ainda revistos, em função do número que o INE divulgar para os primeiros três meses do ano. O nível de desemprego em Portugal continua assim a afastar-se da média da zona euro, que subiu uma décima em Março, de 10,8% para 10,9%, e da UE, onde se manteve em 10,2% – o que representa respectivamente cerca de 17,4 milhões e 24,8 milhões de pessoas sem trabalho. 

A subida da taxa de desemprego relativa a Espanha foi também de três décimas entre Fevereiro e Março, para 24,1%. No caso da Grécia, o último valor divulgado é de 21,7%, mas ainda relativo a Janeiro. 

A subida registada em Março em Portugal resulta sobretudo do aumento do desemprego jovem, cuja taxa terá passado para 36,1, face a 35,4 em Fevereiro. Entre os homens terá subido 0,4 pontos percentuais, para 15,5%, e entre as mulheres 0,3 pontos, para 15,1%. 

Quer os valores do INE quer os do Eurostat baseiam-se num critério de desemprego bastante restritivo. Contabilizando também os trabalhadores desencorajados (que não procuram emprego continuadamente e por isso são considerados inactivos) e os que trabalham muito poucas horas, o número de desempregados no país sobe para mais de um milhão e a taxa de desemprego para mais de 18%, segundo cálculos com base nos valores mais recentes do INE. 

Os dados do Eurostat diferem dos do INE, que é quem fornece a informação de base, porque são calibrados também com informação do IEFP. Além disso, enquanto o INE calcula apenas taxas trimestrais o Eurostat avança com valores mês a mês – que são por isso frequentemente sujeitos a revisão em função dos dados que o INE depois divulga, pois é quem faz a recolha directa da informação. A subida do desemprego em Portugal está prevista pelo Governo e pelas instituições que fazem previsões e é de esperar que vá batendo sucessivos recordes pelo menos durante este ano. O valor avançado pelo Eurostat esta quarta-feira constitui um novo recorde desde que há valores do desemprego para Portugal – 1983 no caso do INE e 1953 no caso das séries longas do Banco de Portugal.

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