David Basulto: "As obras portuguesas aumentaram exponencialmente com a crise"

Imitámos os arquitectos. Entrámos no ArchDaily e submetemos o nosso projecto. Respondeu David Basulto, um dos fundadores do site de Arquitectura mais visto do mundo

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ArchDaily. Habituamo-nos à marca registada. O site pegou no ano 2011 e premiou três projectos portugueses, repetindo-se a façanha do ano 2010. "É sinal de qualidade e também de necessidade", responde ao P3 (via email) David Basulto, editor e fundador do ArchDaily desde 2006 — altura em que o ArchDaily ainda não era ArchDaily. O projecto universitário começou por ser Plataforma Arquitectura no Chile e é hoje o site mais visto da especialidade. ArchDaily "significa basicamente a democratização do acesso às oportunidades".

O Arch Daily começou no Chile como projecto universitário...

Tudo começou com a Plataforma Arquitectura em 2006. Era um projecto independente fundado por David Assael e David Basulto, juntamente com uma tremenda equipa de jovens arquitectos que colaboravam com o projecto. Tínhamos o objectivo de melhorar a profissão através de boa informação e de potenciar o trabalho de jovens arquitectos que não faziam parte do circuito tradicional de publicações.

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Quando é que perceberam que o Chile era demasiado pequeno?

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Mima House, sede da Associação Fraunhofer e a Capela Árvore da Vida DR

O site Plataforma Arquitectura cresceu muito depressa, transformando-se rapidamente (no espaço de dois anos no ar) no site de Arquitectura de língua espanhola mais visto na Internet. Analizando o potencial global do projecto, decidimos começar a faze-lo em inglês em 2008 para chegar a uma maior audiência. Nesse sentido, mais do que pensar que o Chile (o mundo que fala castelhano) é pequeno, percebemos que o mundo era muito maior.

O truque é assim tão simples?

O truque é o facto de esta ser uma publicação feita por arquitectos para arquitectos com uma missão clara bem delineada por uma linha editorial.

Qualquer pessoa pode submeter o seu projecto?

Qualquer pessoa pode enviar o seu projecto para avaliação.

ArchDaily significa a democratização da Arquitectura?

Significa basicamente a democratização do acesso às oportunidades.

O Arch Daily também deu visibilidade à fotografia nesta área.

Isso é algo muito interessante. Conseguimos potenciar o trabalho de jovens fotógrafos, que conseguiram aceder a novos clientes. Também os fotógrafos de Arquitectura alteraram muito a forma de trabalhar.

Dificilmente um arquitecto com quatro, cinco anos de carreira podia estar nos finalistas de um prémio deste género...

Graças à nossa missão e linha editorial, conseguimos mostrar obras que se destacam pela sua qualidade mais do que pelo background do gabinete que representam. Transformamos o prémio Building of the Year num galardão em que todos participam de igual para igual.

Os portugueses conseguiram 14 projectos finalistas e três prémios. Que análise fazem do momento da Arquitectura em Portugal?

Olhando para o estado actual da economia do país e para o panorama do emprego para os arquitectos, a classe atravessa um momento em que deve capitalizar a riqueza do seu trabalho. A difusão é a chave do sucesso. A quantidade de obras portuguesas publicadas no ArchDaily aumentou de uma forma exponencial com a crise, sendo uma vitrine muito importante especialmente para os arquitectos jovens. Esta relação dentro do contexto do prémio é um sinal da qualidade e também de necessidade.

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