Inspirar-se nas formigas para tornar a Internet mais rápida

Uma dupla de investigadores de Coimbra desenvolveu uma solução informática capaz de recriar o método de organização das colónias de formigas. O objectivo é encontrar o melhor caminho no tráfego adoptado quer nas empresas quer na Internet

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sbfisher/Flickr

Dois investigadores portugueses, Francisco Pereira e Jorge Tavares, do Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra, juntaram-se há pouco menos de dois anos e desenvolveram uma solução informática capaz de recriar o método de organização das colónias de formigas. O objectivo é aplicá-la vários e complicados problemas reais.

Trata-se do “problema do caixeiro-viajante” que tem que visitar várias cidades no menor tempo possível, utilizando para isso os caminhos mais curtos “considerando diversas variáveis”. As empresas de distribuição e não só beneficiam notavelmente com o uso deste algoritmo por através dele encontrarem as rotas mais curtas para levarem a cabo as missões de que estão incumbidas.

É este o prisma que tem merecido mais reflexão por parte dos estudiosos, visto que um dos principais desafios das empresas é o de rentabilizar os meios e, como tal, é normal a constante procura por parte das mesmas de métodos que sejam eficazes nesse sentido. Na “linguagem das formigas”, isto traduz-se em traçar os caminhos mais rápidos para ligar o ponto do alimento à colónia. 

Internet mais rápida

Problemas como a da distribuição de tráfego na Internet também podem ser contemplados com este programa, não sendo esse, para já, o desígnio dos estudos. Por outras palavras: a solução ainda não foi testada na Internet mas, em teoria, espera-se que o resultado seja uma comunicação mais veloz na rede. Uma Internet mais rápida, portanto.

Francisco Pereira explicou ao P3 que este algoritmo inspirado no comportamento das formigas “pode ser muito útil em problemas reais que são dinâmicos”, uma vez que se “auto-modifica” perante as circunstâncias “sem ser necessária intervenção humana”, acrescentando, ainda, que, na sua opinião, é “mais eficaz” do que outros criados por especialistas pela sua adaptabilidade às circunstâncias.

Os investigadores acreditam ser uma solução três-em-um: a técnica encaixa no problema e muda em concomitância com ele. A dupla só recentemente trouxe à luz o protótipo inicial e está a testar os primeiros resultados, reconhecendo que ainda há muitos testes por fazer. Ainda assim, já receberam a primeira distinção relativa ao projecto na conferência de “topo mundial” na área da Programação Genética, EuroGP-2012, que carimbou os estudos com a distinção de “Best Paper Award”.

Já durante a década de 1990, o professor e investigador italiano Marco Dorigo, um dos grandes especialistas mundiais no comportamento dos insectos para posterior aplicação à dinâmica humana, partiu do padrão desenhado pelas formigas para o aplicar nas mais variadas situações reais.

De acordo com a nota de imprensa emitida pela Universidade de Coimbra, os estudos actuais tomam como “ponto de partida” as “propostas iniciais” de Dorigo. O italiano já esteve em Lisboa a apresentar a visionária criação de "robots" com motores e sensores que solucionam problemas funcionando em reciprocidade. Tudo inspirado em enxames e daí o nome “Swarm-bots”.

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