"O Nada": dança contemporânea para integrar

A trilogia da Companhia Integrada Multidisciplinar sobre o tempo fica agora completa com "O Nada". Um espectáculo para ver esta quarta-feira no Centro Cultural Vila Flor

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O Guidance -Festival de Dança Contemporânea recebe, quarta-feira, a estreia de “O Nada”, uma criação da Companhia Integrada Multidisciplinar e co-produção de Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012. O espectáculo, que articula dança, poesia e som, encerra uma trilogia sobre o tempo.

Através de uma metáfora visual de uma obra arquitectónica, a passagem do tempo é representada, nestes três espectáculos, por diversas etapas: A “viagem no tempo” começa n’"O Aqui", o rés-do-chão, onde é feita uma reflexão em torno do presente. O "Depois", é a descida até à cave, onde se descobre as “entranhas” do indivíduo e um mundo mais obscuro.

"O Nada" é a subida até ao terraço e a expressão do desejo de ascensão. Em "O Nada" o percurso chega ao fim e a obscuridade é rasgada dando lugar a um fôlego de leveza. O tempo é suspenso. O desejo de alcance dos sonhos é evidente. Nesta criação, o imaterial é explorado deixando que os espaços tomem o lugar das acções e das palavras. O espaço cénico está repleto de “nada” através de um conjunto de elementos alusivos à ausência de materialidade.

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Uma companhia a favor da integração

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A companhia é constituída por intérpretes e bailarinos com e sem deficiência e, por isso, é sugerido um olhar diferente sobre o tempo, que pode ser medido através de situações do dia-a-dia e das barreiras enfrentadas pelas pessoas com necessidades especiais. “Barreiras como o tempo de levar um copo à boca ou de atar os atacadores dos sapatos”, explica o director artístico Pedro Sena Nunes.

São 50 minutos de reflexão sobre o nada e o vazio presentes também na sociedade actual. O espectáculo é levado ao palco com a direcção artística da coreógrafa Ana Rita Barata e do realizador Pedro Sena Nunes, no Centro Cultural Vila Flor às 22h00. Os bilhetes custam 10€ (ou 7,5€ com desconto).

A Companhia Integrada Multidisciplinar nasceu há cinco anos com o objectivo de integrar na sociedade, e na vida artística, pessoas com necessidades especiais. Desengane-se quem pensa que a deficiência é uma barreira à expressão corporal, garantem os membros da companhia.

Durante a apresentação, todos os obstáculos são esquecidos e o preconceito colocado de parte, cada intérprete dá o que de melhor tem. “Há qualquer coisa nos gestos que os torna diferentes, fascinantes”. Quem o diz é Pedro Sena Nunes. Através da arte, o público é sensibilizado para a reflexão e desmistificação de preconceitos. “Entender a deficiência como eficiência” é um dos “lemas” da companhia, afirma o director artístico. 

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