Cem alunos desistem todos os dias da universidade

JCP afirma que a perda de bolsa de estudo para mais 15 mil estudantes este ano representa “mais um passo na escalada de elitização e destruição do Ensino Superior”

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A candidatura às bolsa de estudo foi recusada a mais de 40 mil estudantes do Ensino Superior Hugo Delgado

A Juventude Comunista Portuguesa (JCP) denunciou hoje que as dificuldades são cada vez maiores no Ensino Superior, obrigando os estudantes a desistir da sua formação por falta de dinheiro, a uma média de 100 alunos por dia.

“Segundo notícias recentemente publicadas, mais de 40 mil estudantes do Ensino Superior viram a sua candidatura à bolsa de estudo recusada, resultando em que mais de 15 mil estudantes tenham perdido a bolsa, relativamente ao ano passado”, afirma a JCP numa nota hoje divulgada.

Segundo as contas da JCP, tendo em conta que já no ano passado mais de 11 mil estudantes tinham perdido a bolsa e 12 mil tinham visto o seu valor reduzido, a perda da bolsa para mais 15 mil estudantes este ano representa “mais um passo na escalada de elitização e destruição do Ensino Superior”.

Estes dados, afirma, são consequência da “política de desinvestimento” que tem sido seguida por sucessivos governos e que este ano foi agravada pelos cortes no orçamento para a Acção Social e pelo novo regime de atribuição de bolsas, que foi “desenhado com o objectivo de limitar o acesso às bolsas”.

Os jovens comunistas dizem que o regime de atribuição de bolsas foi feito “para esconder o real corte na Acção Social realizado pelo Governo, que anunciou um corte de 21 por cento no financiamento para as bolsas no Orçamento de Estado, mas que na verdade vai ser muito maior, tendo em conta a redução do número e do valor das bolsas”.

Este ano, apenas nos primeiros dois meses de aulas, “mais de 6.000 estudantes abandonaram o Ensino Superior, perfazendo uma média de 100 estudantes por dia a deixar de estudar”, lê-se na nota. Os jovens lembram que está ainda por apurar quantos estudantes viram o valor da sua bolsa reduzida e qual o real corte nas bolsas.

“Se a estes cortes juntarmos o aumento das propinas (o maior dos últimos 20 anos), as insuficiências na Acção Social indirecta e o fim do passe escolar sub-23, estamos perante uma situação muito grave para muitos estudantes e ainda mais alunos vão ser forçados a abandonar o Ensino Superior por não poderem suportar os seus elevados custos”, criticam.

A JCP afirma-se solidária com a luta dos estudantes e reafirma a necessidade de a intensificar, em cada escola e em todo o país. O secretário de Estado do Ensino Superior, João Queiró, vai na quarta-feira à Assembleia da República explicar atrasos nas bolsas de Acção Social, a pedido do Bloco de Esquerda.

O BE divulgou hoje, em comunicado, que são centenas as queixas que lhe têm chegado por parte de estudantes que este ano se candidataram a bolsas e cujo processo foi recusado ou está ainda a ser analisado.

“É sabido que a crise social que atravessa o país vem colocar grandes dificuldades às famílias e aos jovens que frequentam o Ensino Superior, tornando essa frequência insustentável sem esse apoio ao nível da Acção Social escolar para centenas, senão milhares de estudantes”, sublinha o BE. Na véspera da audição, a deputada Ana Drago recebe elementos da Associação Académica de Coimbra para reunir mais elementos sobre o problema.

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