Lagaet, o B-boy português que parte a dança toda

Veio das Caraíbas, mas arrasa o "breakdance" com as cores lusas. Lagaet é dos 16 melhores do mundo e vai prová-lo na Rússia, este sábado

Foto
Powermoves, toprock, freezes, é só escolher, que Lagaet faz Hugo Silva/Red Bull BC One

“Eu não sou do Bronx, nem sou de Brooklyn, ok?”. Ok, Lagaet, estão desfeitas as dúvidas. E, já agora, diga-se que apenas existiam por causa do espectáculo que o B-boy português monta sempre que parte a dança. Ou melhor, sempre que pratica “breakdance”. Isto é, sempre que faz “b-boying”.

A forma como o corpo de Lagaet se contorce, dobra, vira, assim que soa uma batida de hip-hop, troca-nos os olhos e leva-nos a crer que ele só pode ter nascido no berço nova-iorquino do “b-boying”. Mas, afinal, não. Afinal, Lagaet é português e vive no Porto.

É verdade que nasceu nas Caraíbas, mais especificamente em Martinique, mas o orgulho por agora pertencer a terras lusas é evidente: “Estou em Portugal há muitos anos. Sou português e represento Portugal ao mais alto nível”. Não haja dúvida. Com 23 anos de idade e há dez “a rodar a cabeça”, Lagaet pode dizer que é um dos 16 melhores B-boys do mundo.

O número não é inocente. Em Julho, venceu, em Barcelona, todas as “battles” (batalhas entre B-boys) que se apresentaram pela frente e qualificou-se para a final do evento “Red Bull BC One” – BC significa “Breakdance Championship” e “One”, porque as batalhas são de um contra um – na Rússia, este sábado, onde vai dançar por um dos títulos mais importantes do “b-boying” contra outros 15 B-boys que já se tinham apurado para a batalha no Velho Circo de Moscovo (Circus Nikulin).

O joelho resistente

Em Barcelona, na final da qualificação, Lagaet convenceu o júri e eliminou o B-boy holandês Menno. Fez “toprock” (b-boying em pé), “footwork” (b-boying no chão), “powermoves” (b-boying com rotações), “freezes” (movimentos congelados em equilíbrio), mas aquilo que lhe poderá ter dado a vitória foi a garra.

Pouca gente sabia que Lagaet dançava com um joelho lesionado (tinha sido operado poucos meses antes). “Já sabia que o meu joelho não me deixava fazer coisas e, então, prescindi de algumas e fui buscar outras que me doíam menos, mas que achava que podiam ter impacto”. Funcionou. Hoje em dia a lesão “vai e vem, vai e vem”. Esperemos que, na Rússia, ela vá.

Contudo, se ela vier, o mais provável é que ninguém note. Minimizar os efeitos da lesão é a tarefa de Lagaet e, para isso, treina muito. Tanto, que até mete medo. “Eu tenho medo do meu treino. É muito puxado”, diz. “Tenho uma pessoa que me ajuda a nível de nutrição e que me diz o que é que eu posso comer, como, a que horas, quantas vezes por dia… E como é lógico, nada de ‘fast food’”.

O resto, já se sabe, muitas flexões e abdominais, para que segurar o corpo na ponta do dedo – um dos movimentos característicos de Lagaet – seja o mesmo que segurar uma pena.

Sugerir correcção
Comentar