Poupar e trabalhar: a fórmula dos estudantes para enfrentar a crise

Estudantes universitários fazem esforços adicionais para evitar despesas extras na vida académica. Na Universidade do Porto há um programa que baixa o valor da propina em troca de trabalho

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Apoio administrativo e logístico em conferências é um dos trabalhos que os estudantes podem fazer na UP Pedro Cunha

Tempos de crise exigem medidas extraordinárias, também para os estudantes do ensino superior. Há mais alunos a entrar nas universidades, mas há muitos a desistir dos estudos por não terem possibilidades de pagar o curso. As Universidades estão atentas a esta realidade e, no Porto, há um projecto que ajuda financeiramente os estudantes em troca de trabalho temporário.

Mafalda Galhardo, estudante da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, critica um ensino superior onde “a faculdade está a transformar-se num espaço para quem tem dinheiro e não para toda a gente, como era a ideia inicial da universidade pública”.

Os estudantes fazem tudo para poupar e até nas necessidades mais básicas – como a alimentação – fazem cortes. As idas à restauração dos centros comerciais foram cortadas e a cantina da faculdade é a solução para aqueles que não podem, ou não querem, trazer o almoço de casa. Pois é, renasceu uma velha moda: as marmitas podem já não ser as mesmas, mas o objectivo mantém-se igual - poupar.

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Levar comida de casa é uma medida habitual João Henriques

Também na diversão se sente a crise: alguns universitários evitam as saídas e optam por tomar café em casa ou alugar filmes em vez das idas ao cinema. Quanto a saídas nocturnas, é possível poupar de várias formas sem deixar de sair de casa - os locais sem consumo obrigatório são os preferidos dos estudantes e levar as bebidas de casa e ficar na rua é também uma solução.

Como é que os estudantes contornam a crise?

Corte nas bolsas é um problema

Mas nem sempre estas medidas chegam. “As bolsas e as ajudas têm diminuído”, lamenta Teresa Sousa, estudante da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Em sentido contrário, vão as propinas: “Embora não subam para valores exorbitantes, continuam muito caras”, queixa-se André Gonçalves, estudante da Faculdade de Letras da mesma universidade.

É por causa desta realidade que a Universidade do Porto (UP) tem procurado ajudar os estudantes mais carenciados em troca de trabalho remunerado nas instituições de ensino. Este tipo de apoio foi criado “há cerca de 3 ou 4 anos, como forma de a instituição ajudar os estudantes”, explica Raúl Santos, assessor de imprensa da UP.

A Bolsa de Emergência Social “não é uma bolsa propriamente dita, mas sim um mecanismo em que a universidade financia uma parte, ou até a totalidade, da propina e, em troca, o estudante fica seleccionado para uma bolsa de trabalho temporário”.

Os trabalhos são feitos de acordo com os horários dos estudantes e tendo em vista as necessidades de cada faculdade. O apoio administrativo e logístico em conferências, a organização de eventos e trabalho de cariz científico são os principais trabalhos do programa.

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