Uma silhueta na maçã ou o silêncio dos anti-Apple

Jonathan Mak criou uma das imagens mais populares em homenagem a Jobs, mas nem todos ficaram sensibilizados. Há um mundo anti-Apple à espreita

Jonathan Mak já teve uma proposta de emprego por causa desta imagem Bobby Yip/Reuters
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Jonathan Mak já teve uma proposta de emprego por causa desta imagem Bobby Yip/Reuters
Jonathan Mak
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Jonathan Mak

A morte de Steve Jobs provocou um aguaceiro desenfreado de mensagens de homenagem por toda a internet. No meio deste alvoroço imagético, houve, no entanto, uma que se destacou: a maçã que, em vez da habitual dentada, exibe a silhueta do CEO da empresa. 

A imagem foi criada por Jonathan Mak, estudante de 19 anos na Escola de Design da Universidade Politécnica de Hong Kong. A popularidade da ilustração é tão grande que até já estão à venda no Ebay t-shirts que a incluem. O actor Ashton Kutcher tornou-a imagem do seu perfil no Twitter.

"Está a ser um dia louco", contou o jovem à Reuters. "Estou contente e assustado ao mesmo tempo." No Twitter, Mak admitiu ter-lhe sido oferecido um emprego. "Estou sem palavras", confessa. "Quinze minutos de fama? Nem consigo sequer responder a todos os 'tweets'."

A imagem foi criada por Mak em Agosto (o jovem até a publicou no seu Tumblr lamentando que não fosse totalmente "original"), mas só hoje se tornou verdadeiramente popular. "Só queria que fosse uma comemoração silenciosa. É a concretização de que ficou a faltar uma peça à Apple", referiu, segundo a mesma fonte, junto à Apple Store de Hong Kong, onde se dirigiu para prestar o último tributo a Jobs.

O mundo anti-Apple

Apesar de todo o frenesim à volta da morte de Jobs, sempre houve quem não acreditasse nos produtos da empresa. No Facebook, por exemplo, existem vários os grupos Anti Apple

Muitos criticam as condições laborais da Foxconn, fabricante de grande parte dos produtos do universo Apple, acusada de submeter os funcionários a turnos de 15 horas, sem folgas e com salários baixos. Muitas ONGs, aliás, já alertaram para o número de suicídios nas fábricas chinesas.

Para os adeptos de "software" Open Source, a Apple é, como é óbvio, um alvo de acusações. Programador no Imperial College London, no Reino Unido, Rui Miguel Vieira critica o facto de a empresa "controlar a totalidade dos aspectos do produto final, mas também de todo o ecossistema". 

"Ao decidir que 'software' pode ser distribuído para o iPhone (...) limita a escolha dos consumidores. Esta estratégia significa que os produtos da Apple funcionam como uma armadilha, um 'vendor lock-in', em que todos os aspectos desses produtos estão ligados à mesma empresa mãe", refere, em declarações enviadas por e-mail ao P3. 

Rui Miguel Vieira acusa ainda a Apple de "abuso do sistema de patentes para manter uma posição dominante no mercado", como é exemplo o recente caso em que a empresa conseguiu suspender a venda na Europa do tablet Galaxy 10.1 da Samsung.

E como é que a Apple consegue vender tantos produtos e "criar necessidades" a tanta gente? Para o programador, a resposta é simples. De facto, o "grande atractivo" é que os produtos "simplesmente funcionam". No entanto, o "marketing" tem um papel crucial. "Para muitas pessoas estes produtos são um símbolo de 'status' social e criam uma certa aura de 'coolness' que só funciona em seu favor."

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