É uma música que dificilmente sai da memória: "You’ve Got a Friend in Me". De certeza que quem se sentou numa sala de cinema para ver o primeiro "Toy Story" não se esquece daquilo que Randy Newman cantava enquanto Andy atirava o boneco do cowboy Woody de um lado para o outro. "Our friendship will never die" era um dos versos e, na verdade, deve ser isso que a Pixar sente, agora, em relação a Steve Jobs.

O fundador da Apple morreu, mas a gratidão do estúdio cinematográfico para com ele, provavelmente, não. Toda a gente sabe que "Toy Story" é um dos grandes sucessos da Pixar, mas há quem não saiba que Steve Jobs é um dos grandes "culpados" por isso. Para os mais desatentos diga-se que é possível ver, na cena já referida, o nome de Jobs creditado como produtor executivo do filme.

Mas a figura máxima da Apple foi sempre, para a Pixar, algo mais do que um nome numa ficha técnica. No sentido inverso, o nome Pixar era, no início dos anos 80, algo menos daquilo que hoje representa. Na verdade, tratava-se de um computador criado para desenvolver gráficos e animações de alta tecnologia. Como seria de esperar, uma peça "high-tech" com esses condimentos só poderia despertar o faro de Steve Jobs, então CEO da Apple.

O bom filho à casa torna

Jobs tentou convencer o seu conjunto de directores a investir ou comprar a empresa produtora do Pixar, mas não reuniu o consenso desejado. Em 1985, outro desentendimento com a direcção fê-lo sair da Apple pela porta pequena. Mas Jobs era maior do que isso e não ficou parado. Com o dinheiro resultante da venda de peças Apple que tinha na sua posse, adquiriu a empresa de computadores do ”Pixar” por 10 milhões de dólares (7,5 milhões de euros) e tornou-a uma companhia independente.

Contudo, era preciso gerar dinheiro e foi a isso que Jobs obrigou a sua equipa. Trabalharam a ponto de criarem gráficos que os clientes desejassem comprar para usar nas suas aplicações. De facto, tanto "suaram" que o software desenvolvido permitiu-lhes criar uma curta-metragem de animação intitulada "Luxo Jr." A sequência em questão é hoje designada como a primeira produção do estúdio Pixar, que deu também origem ao genérico de introdução dos filmes da marca.

Depois disso o estúdio enfrentou algumas dificuldades e coube a Woody e a Buzz Lightyear mudar o rumo da história, quando em 1995 protagonizaram "Toy Story", a primeira longa-metragem de animação a ser produzida por computador. Steve Jobs lançou a primeira pedra da Pixar e em 1997 voltou à Apple pela porta grande, onde fez aquilo que todos sabem.