Fidelidade nega despejos e mostra-se disponível para negociar

Alguns moradores foram notificados de que os seus contratos de arrendamento não iriam ser renovados.

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Margarida Basto

A Fidelidade negou nesta terça-feira a intenção de "despejar qualquer família" dos três prédios que detém no concelho de Loures, assegurando disponibilidade para negociar "caso a caso" com cada um dos inquilinos.

Alguns destes moradores, residentes em três torres na freguesia de Santo António dos Cavaleiros, foram notificados pela seguradora Fidelidade de que os seus contratos de arrendamento não iriam ser renovados e que teriam 120 dias para entregar as chaves do imóvel.

Esta comunicação gerou um sentimento "de pânico" nos moradores, que, entretanto, criaram uma comissão e pediram ajuda à Junta de Freguesia local, à Câmara Municipal de Loures e aos partidos com assento parlamentar.

Contudo, ao início desta noite, após uma reunião com membros da comissão de inquilinos e da Câmara Municipal de Loures (distrito de Lisboa), o administrador da Fidelidade Property, Miguel Santana, garantiu aos jornalistas que a intenção da seguradora "não é despejar ninguém".

"Falar numa acção de despejo não é correcto. A Fidelidade não está a mover qualquer acção de despejo. O que nós neste momento estamos a fazer é uma oposição à renovação automática [dos contratos] para fomentar o diálogo com cada um dos inquilinos", ressalvou.

Miguel Santana referiu que a seguradora enviou até ao momento oito cartas (num universo de 126 inquilinos) e que prevê o envio de mais sete até ao final do primeiro semestre deste ano.

"Destes oito que enviamos são contratos celebrados após 2015. São contratos de três anos e que as partes assinaram e já sabiam que eram três, renováveis de dois em dois. Desses dois em dois vamos analisando se mantemos as condições de renda", apontou, ressalvando que o interesse da Fidelidade "manter sempre as torres "com razoáveis níveis de ocupação".

No entanto, estes esclarecimentos da Fidelidade não satisfez a comissão de inquilinos que promete "continuar a lutar para alterar a lei das rendas". "Saímos desta reunião com a sensação de que estão a sentir a pressão e estão a mudar um pouco a história. Não estão a gostar desta luta e dos contornos que tem ganho, mas de concreto ainda não temos nada. Vamos lutar porque isto é uma questão política e tem de ser discutido politicamente. Esta lei tem de mudar", afirmou Ana Oliveira, porta-voz dos inquilinos da Fidelidade de Santo António dos Cavaleiros.

Na quarta-feira, esta comissão vai ser recebida na Secretaria de Estado da Habitação e no dia 9 pela assessora do Presidente da República.