Rui Rio recusa ter ouvido críticas na reunião da bancada

Luís Montenegro e outros deputados condenaram estratégia de aproximação ao PS, mas líder do PSD desvaloriza.

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Rui Rio esteve esta quinta-feira reunido com deputados Nuno Ferreira Santos
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Luís Montenegro teceu duras críticas ao novo líder Nuno Ferreira Santos

O ex-líder parlamentar do PSD Luís Montenegro fez duras críticas ao líder do partido durante a reunião da bancada em que Rui Rio participou, no Parlamento. Segundo relatos feitos ao PÚBLICO, Luís Montenegro não foi o único. Teresa Morais e Carlos Abreu Amorim também se lançaram contra o novo líder, exigindo respeito pelo mandato dos deputados. No final de mais de três horas e meia, o Rio desvalorizou as críticas e garantiu que não as interpretou como tal. Chegou mesmo a dizer que a reunião “não podia ter corrido melhor”.

O primeiro encontro com os deputados arrancou com uma intervenção de Rui Rio de cerca de 40 minutos, mas no final não houve palmas, o que fazia adivinhar já o clima tenso na bancada. Nas intervenções seguintes, Luís Montenegro condenou os membros da Comissão Política Nacional que criticam deputados nas redes sociais e lembrou o trabalho que foi feito na anterior legislatura para levar os parlamentares a apoiar as políticas difíceis do Governo PSD/CDS.

O ex-líder parlamentar sublinhou que em muitas questões consideradas agora prioritárias por Rui Rio o PSD já tem muito trabalho feito. Deu como exemplos na descentralização, a justiça e a reforma do sistema político e disse que ainda se desconhece uma linha das propostas de Rio para a justiça.

Já sobre a aproximação ao PS, Luís Montenegro foi contundente: a posição de António Costa é um "insulto" ao diálogo partidário com o PSD. "O que o PS fará connosco é o que PCP e BE deixarem”, afirmou na reunião que decorreu à porta fechada.  

Confrontado pelos jornalistas com estas declarações no final desta primeira reunião com a bancada, Rui Rio disse não ter ouvido nenhuma crítica à sua estratégia, admitindo apenas que houve deputados a expressarem “algum cepticismo relativamente à boa vontade do PS” nas conversações com o Governo. Nem se queixou de não ter recebido palmas: “Não é o meu estilo”, afirmou. 

De uma forma geral, o líder do PSD disse não ter entendido as intervenções dos deputados como críticas – “sinceramente não” – e desvalorizou: “Uma coisa é a realidade na sala, outra é o que é difundido cá para fora”. Nem mesmo sobre a escolha de Elina Fraga, que foi alvo de reparos por parte de deputados, Rio reconheceu a tensão. “Está pacificado, está”, declarou.

Rui Rio optou por assumir uma visão positiva: “Naquilo que foi o traço geral da reunião, não vejo como pudesse correr melhor”. Esta quarta-feira à noite, o líder do PSD tinha dito que eventualmente poderia haver uma "convulsãozita" na reunião da bancada. "Não notei", disse quando questionado esta manhã sobre a sua expressão. 

Durante o encontro, em tom muito duro, segundo relatos ao PÚBLICO, Teresa Morais, ex-vice-presidente de Passos Coelho, também voltou a sublinhar que o mandato dos deputados é do povo e não do presidente do partido em reacção às vozes que se ouviram sugerindo a renúncia dos deputados que não concordam com a nova direcção. O antigo vice-presidente da bancada Carlos Abreu Amorim exigiu que Rui Rio pedisse desculpas, à semelhança da atitude do líder parlamentar, Fernando Negrão, na passada semana.

Rui Rio chegou à sala do Senado, onde se realizou a reunião, por volta das 11 horas, acompanhado por Fernando Negrão, por outros deputados e por António Maló de Abreu, vogal da comissão política nacional, e que não ocupa nenhuma lugar na Assembleia da República. Maló de Abreu chegou a sentar-se na bancada dos deputados antes da reunião começar mas acabou por sair depois de os jornalistas estranharem a sua presença na sala. 

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