Governo moçambicano colabora no caso de empresário português raptado

Américo Sebastião, 49 anos, foi raptado a 29 de Julho de 2016, na província moçambicana de Sofala. A família do empresário português desaparecido tem vindo a apelar às autoridades moçambicanas e ao Governo a colaboração no caso.

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Salomé Sebastião, mulher de Américo Sebastião, vai-se reunir com o ministro Silva Dunduro esta terça-feira Rui Gaudencio

O ministro da Cultura e Turismo moçambicano, Silva Dunduro, disse esta terça-feira, em Lisboa, que Moçambique está a colaborar no caso do empresário português raptado, Américo Sebastião. "O que posso dizer é que a última notícia que li da embaixadora de Portugal em Moçambique dizia que o Governo [moçambicano] estava a colaborar. Mais detalhes, provavelmente, só com a área diplomática. É verdade que sou do Governo, mas há áreas específicas para cada ministério (…)", declarou o ministro. Garantiu ainda que "não existe crise na cooperação entre Moçambique e Portugal."

Silva Dunduro fez estas declarações à margem do Seminário de Promoção do Destino Moçambique que decorreu esta terça-feira.  

O empresário português Américo Sebastião foi raptado em Julho de 2016 e, de acordo com a família, os cartões de débito e crédito foram utilizados 32 vezes em levantamentos de 5.000 meticais (cerca de 66 euros), totalizando 160 mil meticais (2.112 euros), com o primeiro a ser logo no próprio dia do rapto, na cidade da Beira, a 310 quilómetros de distância do local.

No seminário esteve presente também Salomé Sebastião, mulher do empresário raptado, que disse aos jornalistas que "não irá conformar-se nunca com o arquivamento do processo" na justiça moçambicana sobre o caso do seu marido e "continuará no caminho" até encontrar a verdade e conseguir trazer o seu marido para Portugal.

A família do empresário pediu ao Ministério Público de Moçambique a revogação do despacho de arquivamento da instrução preparatória do processo instaurado contra desconhecidos. 

Os familiares de Américo Sebastião querem que seja feita acareação de duas pessoas que assistiram ao rapto, numa bomba de abastecimento de combustíveis em Nhamapaza, e de um guarda "mencionado como tendo estado em serviço no momento" em que três homens, sem armas, algemaram o cidadão português e colocaram-no numa viatura de dupla cabina. O objectivo é apurar "as contradições" e "as incongruências" nos dois testemunhos – uma das pessoas é o gestor do posto de abastecimento de combustíveis e a outra um bombeiro – e a audição do guarda, que, denunciou a família, não foi ouvido pelo Ministério Público.

O pedido de revogação do despacho de arquivamento visa também que se "abra uma janela de investigação" para se determinar "falsas declarações". Esta segunda-feira, foi lançada uma petição pública online à Assembleia da República, que se intitula "Localizar Américo Sebastião, desaparecido em Moçambique, e restituí-lo ao seu país e à sua família", no endereço www.peticaopublica.com.

Salomé Sebastião, que se tem reunido com autoridades em várias instâncias nacionais e internacionais, disse à Lusa que terá esta terça-feira uma reunião privada com o ministro Silva Dunduro sobre o caso do seu marido.

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