O que os jovens querem

Aquilo de que precisamos é oportunidade: não estamos de mão estendida à espera que ela nos seja dada.

O Dia Internacional da Juventude comemora-se desde 2000 a 12 de agosto. A decisão foi da Assembleia Geral das Nações Unidas em 1999, seguindo a recomendação da Conferência Mundial de Ministros responsáveis pela Juventude, que reuniu em Lisboa, em 1998.

Essa 1.ª Conferência Mundial, que Portugal promoveu e acolheu, marcou na história o reconhecimento das nações não apenas das dificuldades e problemas específicos com que os jovens se deparam, mas também a esperança e a confiança no potencial que reside nos jovens de fazerem a mudança, de sonhar outras utopias, de ver o futuro com mais nitidez, e de o construir como um mundo melhor.

Assim não seria, caso os jovens não tivessem tido, até então, um papel fundamental a derrubar os “ismos” do século XX, que diziam às pessoas como viver a sua vida segundo um modelo de sociedade pré-determinado, que marcou o mundo com duas grandes guerras, com genocídios e um longo período de guerra fria, que não podem nunca ser esquecidos. Os jovens das diversas gerações nunca se demitiram — estiveram sempre lá: em Portugal, para derrubar a ditadura do Estado Novo; na Europa para derrubar o Muro de Berlim; em tantas outras nações reclamando e exigindo sempre Liberdade, Estado de Direito, Democracia, Participação; os jovens estiveram lá, nas diversas nações, a resgatar o futuro dos ditames mais ou menos musculados de quem quer dizer e impor aos outros como viver.

É esta a razão de ser deste dia: para que cada um se lembre do que os que caminharam antes de nós nos deram, mas também para que cada país e sociedade repense em cada ano o lugar que dá aos seus jovens, os recursos que coloca à sua disposição para que construam o bem comum e o que verdadeiramente espera deles e os deixa fazer.

Os jovens defendem os seus direitos: mas defendem muito mais! Porque os jovens nunca deixaram de defender para todos os direitos que exigem para si próprios.

Os jovens deste século são céticos, mas comprometidos: desconfiamos logo de quem nos diz ter o sistema perfeito, com respostas para todos os cidadãos; mas isso não quer dizer que não acreditamos numa agenda comum para o Mundo. Pelo contrário, o Desenvolvimento Sustentável é a agenda por excelência em que os jovens se revêem, bem como o futuro de paz, prosperidade e equilíbrio que a agenda preconiza, sob o princípio de ninguém ficar para trás.

A causa dos jovens que foram reconhecidos em 1998 foi conseguir a paz, a liberdade e a democracia e, com isso, construir o milénio que aí vinha começando este mundo. A energia do dealbar do século trazia uma vontade geral de não repetir os erros que conduziram às atrocidades do século XX e foi nesse espírito que se fez a Conferência Mundial de Ministros e que se traçaram os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio... mas depois aconteceu o 11 de setembro e, de repente, a nova agenda do novo milénio entrou em curto-circuito e ficou apenas algures em documentos diplomáticos.

Esta é a hora de consertar esse trajeto e de recuperar a vontade de fazer do século XXI uma nova realidade, aprendendo com o passado. É essa a Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável!

Apesar de muitas diferenças, as novas gerações são muito semelhantes no fundamental às que as precederam: mais do que as agendas particulares de quem é jovem, a nossa causa é também ter um papel relevante na implementação das causas mundiais, cumprindo-as ao nosso estilo e com o nosso sentido de futuro coletivo.

Aquilo de que precisamos é oportunidade: não estamos de mão estendida à espera que ela nos seja dada, como também não queremos que ela surja fugazmente em “primaveras” ou promessas que rapidamente se assumem como mera moda ou retórica.

Os jovens querem e merecem um lugar na construção desse mundo novo, na implementação desta Agenda Global para o Desenvolvimento; mas, mais do que isso, Portugal e o mundo precisa dos jovens para que o Desenvolvimento Sustentável seja uma realidade. Confiem em nós e nós cumpriremos o nosso papel!

O autor escreve segundo as normas do novo Acordo Ortográfico

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