Autárquicas desencadeiam demissões em bloco no PS de Matosinhos

Presidente da secção de Perafita dispara contra a distrital do partido e revela que quiseram “comprar” o seu silêncio

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Em Matosinhos as fracturas internas no PS sucedem-se Enric Vives-Rubio

A menos de dois meses das eleições autárquicas, 12 militantes com responsabilidades no secretariado da secção do PS de Perafita, Matosinhos, batem com a porta e demitem-se em bloco em “total discordância” com a distrital pela forma como conduziu o processo autárquico no concelho.

“Compete-me informar que estas demissões acontecem no seguimento da forma desrespeitosa como o processo autárquico em Matosinhos, e mais concretamente na União de Freguesias de Perafita, Lavra e Santa Cruz do Bispo, tem decorrido, ignorando por completo os militantes”, escreve Nuno Ferreira, secretário coordenador do PS de Perafita, numa carta dirigida a Manuel Pizarro, presidente da distrital do Porto.

Nuno Ferreira acusa a federação do PS-Porto e a candidatura autárquica a nível concelhio, liderada por Luísa Salgueiro, de “consecutivamente atropelarem o cumprimento dos estatutos do PS naquela que é a legitimidade e liberdade de organização local do partido, impondo a sua vontade em favor de elementos que, nas últimas eleições, concorreram contra o partido”.

Na carta, o até agora dirigente socialista revela que tudo fez “em prol” dos camaradas militantes do PS e do próprio partido e, enquanto militante de base, participou “em todas as lutas” para as quais o partido o chamou. Já como dirigente, conta, esteve envolvido na “reactivação da secção de Perafita” que, atalha, estava “inactiva, falida e desrespeitada pelos anteriores dirigentes que actuaram em total desrespeito pelos militantes”.

Em suma, diz, “aquilo que os responsáveis pelo processo autárquico procuraram fazer foi comprar o meu silêncio e anuência com um lugar na assembleia municipal, excluindo todos os militantes de Perafita de estarem representados nas listas para a União de Freguesias de Perafita, Lavra e Santa Cruz do Bispo”. “Não estou aqui para ocupar lugares (...) mas sim para defender a minha comunidade”, acrescenta Nuno Ferreira.

Ao PÚBLICO, Manuel Pizarro desvaloriza as demissões e nota que esta tomada de posição só veio “clarificar” a situação no partido. “Chegou o momento em que a presença dessas pessoas se tornou inútil para a estratégia de desgaste do PS”, declara, deixando nas entrelinhas que há muito que este grupo de militantes estava alinhado com outra candidatura que concorre contra Luísa Salgueiro, escolhida pela distrital do Porto.

“Os militantes que agora se demitiram vão passar a fazer abertamente aquilo que até agora faziam sub-repticiamente que é apoiar a candidatura de António Parada [à Câmara de Matosinhos]. E isso é bom para o PS”, conclui Pizarro.     

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