Rui Moreira vê “nova forma de governar Portugal” no caso EMA

Presidente da Câmara do Porto escreveu a António Costa por causa da Agência Europeia do Medicamento

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O autarca do Porto diz que o Governo rompeu "com uma velha tradição que não permitia que decisões fossem revertidas" Rui Farinha/Nfactos

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, enviou uma carta ao primeiro-ministro, António Costa, na qual salienta a “enorme dimensão política” de o Governo ter escolhido o Porto como a cidade candidata nacional a acolher a sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA). Na carta, com data de 13 de Julho e divulgada esta terça-feira, o autarca saúda o governo socialista, pelo que considera “um auspicioso prenúncio de uma nova forma de governar Portugal”.

A carta foi escrita no mesmo dia em que o Conselho de Ministros decidiu candidatar a cidade do Porto a receber a EMA, depois de, numa primeira fase, apenas a cidade de Lisboa ter sido considerada. O início do processo levou à crítica e intervenção de várias figuras e entidades da cidade – primeiro, o candidato do PSD à presidência da câmara, Álvaro Almeida, depois Rui Moreira e também o vereador e candidato socialista, Manuel Pizarro, além da própria Área Metropolitana do Porto – o que acabaria por levar a uma reversão do processo. A cidade do Porto foi avaliada como hipótese para ser a candidata nacional e acabaria mesmo por ser a escolhida.

Esta terça-feira, durante a reunião do executivo, Rui Moreira fez distribuir a carta enviada a António Costa, em que argumenta que a capacidade do Governo em inverter o processo e em acabar por escolher o Porto “contrasta com uma lógica centralista que tem presidido às decisões de sucessivos governos e que é, pelo menos em parte, responsável pelo atraso estrutural de Portugal”. Moreira escreve ainda que o simples facto de o Governo ter ouvido os argumentos de que o Porto seria melhor candidato, aceitando avaliar essa hipótese, “rompe com uma velha tradição, que não permitia que decisões fossem revertidas por aqueles que as tomaram, mesmo quando se apurava – como foi aqui o caso – que o Governo decidira sem estar de posse de todos os elementos ou argumentos pertinentes”.

A escolha do Porto foi saudada pelas diferentes forças políticas representadas no executivo. Amorim Pereira, eleito pelo PSD, mas que, entretanto, perdeu a confiança política do partido, classificou a decisão do Governo como “uma vitória do Porto, mas também da liderança da cidade”. Pedro Carvalho, da CDU, congratulou-se pelo processo ter culminado com o que considerou ser “uma vitória dos argumentos”, o que, disse, “é sempre positivo”.

Já Manuel Pizarro – que apresentou em reunião do executivo uma proposta para que o Porto não desistisse do processo, numa altura em que Rui Moreira, evocando uma carta de António Costa, dizia que a decisão estava irreversivelmente tomada a favor de Lisboa – defendeu que “este processo mostra que vale sempre a pena lutar de forma organizada”. O socialista classificou ainda que o Governo se comportou de forma “muito digna” ao reverter a decisão de candidatar Lisboa, afirmando: “Nem todos os partidos são iguais, pelo menos na sua relação com o Porto”.

 

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