Um ano depois, a base da selecção continua a ser a equipa do Euro 2016

Metade dos jogadores mais utilizados por Fernando Santos no ano seguinte à conquista do título europeu fez parte da convocatória para o Campeonato da Europa

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Reuters/Michael Dalder

“Em equipa que ganha não se mexe”, reza a velha máxima. E Fernando Santos tem seguido este princípio quase à risca. Um ano depois da conquista do título de campeão da Europa, a base da selecção nacional continua a assentar maioritariamente no conjunto de 23 jogadores que viajaram até França para disputar o Euro 2016 e regressaram com o troféu. Mas há algumas excepções: no ataque Éder, o “herói” de Paris, perdeu protagonismo para o jovem André Silva, que teve uma estreia fulgurante com a camisola portuguesa.

Nos 14 encontros que disputou desde a final do Euro 2016, a selecção nacional somou dez vitórias (uma delas, frente ao México, no prolongamento da partida de atribuição dos terceiro e quarto lugares da Taça das Confederações), um empate e três derrotas (incluindo uma nas grandes penalidades, contra o Chile). Sofreu nove golos e marcou 42, um registo para o qual contribuiu a forma notável de Cristiano Ronaldo, com 14 golos em dez presenças, e o impacto imediato que André Silva conseguiu ter na equipa: o jovem avançado que na próxima temporada representará o Milan marcou oito golos nas 13 internacionalizações que somou desde que foi pela primeira vez aposta de Fernando Santos.

Do grupo de nove jogadores a quem o seleccionador nacional recorreu durante este ano, não tendo integrado o lote de 23 que esteve em França, André Silva é a aposta mais bem-sucedida. O avançado acumulou 987 minutos de utilização na selecção portuguesa, falhando apenas a presença no jogo particular com a Suécia, no Funchal. André Silva é, em termos absolutos, o segundo mais utilizado durante este ano – apenas atrás de Rui Patrício. Bernardo Silva, que falhou o Europeu por lesão, também tem vindo a recuperar protagonismo (576 minutos), seguido por dois estreantes pós-Euro 2016: João Cancelo (464 minutos) e Gelson Martins (440).

Em sentido contrário, há claramente elementos que integraram a convocatória para o Campeonato da Europa mas estão agora longe das preferências de Fernando Santos. Anthony Lopes, Ricardo Carvalho e Vieirinha estiveram em França, mas durante este ano não jogaram qualquer minuto com a camisola de Portugal. O benfiquista Rafa Silva teve utilização muito escassa na equipa nacional no pós-Euro 2016, limitada a 30 minutos no encontro particular contra Gibraltar. E dois dos principais nomes associados à conquista do título europeu também perderam preponderância: Renato Sanches foi utilizado duas vezes, num total de 98 minutos, e Éder alinhou em quatro partidas, totalizando 150 minutos.

Fernando Santos chegou a ser questionado sobre a ausência de Éder da convocatória para a Taça das Confederações, esclarecendo que o facto de não chamar o avançado não significava falta de confiança. “Quando ninguém acreditava no Éder, quem é que o levou? Há dois anos eu trazia o nome dele a esta sala. Agora estamos na situação contrária: é a lei da vida”, resumiu o técnico.

Do total de 29 jogadores utilizados por Fernando Santos desde que Portugal é campeão da Europa, 18 cumpriram pelo menos um terço do total de minutos disputados pela selecção – e, destes, 14 marcaram presença no Euro 2016. André Silva é um caso à parte, com 13 presenças neste período, sendo que entre os mais assíduos estão ainda Rui Patrício, André Gomes, João Moutinho, William Carvalho e Ricardo Quaresma (todos com 12 jogos). Gelson Martins participou em 11 e Cristiano Ronaldo disputou dez.

Não se podendo, de todo, falar de uma renovação profunda, percebe-se que o seleccionador aproveitou este ano para consolidar aquilo que já tinha em mãos e fazer alguns testes pontuais. Fernando Santos recorreu a jogadores que não estiveram no Campeonato da Europa em todos os sectores, da baliza ao ataque, promovendo quatro estreias absolutas com a camisola de Portugal: Marafona, João Cancelo, André Silva e Gelson Martins. Os outros futebolistas que entraram nas contas do técnico não tendo estado no Euro 2016 foram Antunes, Luís Neto, Nélson Semedo, Bernardo Silva e Pizzi.

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