Ministra do Trabalho e Macron sob suspeita da justiça francesa

Agência governamental presidida por Muriel Pénicaud o atribuiu sem concurso a organização de evento de promoção da tecnologia francesa em Las Vegas sem concurso público quando o actual Presidente era ministro da Economia.

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A ministra Muriel Pénicaud tem um dossier fundamental, o da reforma do Código do Trabalho Michel Euler/REUTERS

O Ministério Público francês abriu um inquérito judicial à atribuição sem concurso público da organização de uma feira de promoção das empresas de tecnologia francesas na feira CES, em Las Vegas, em Janeiro de 2016, por uma agência dependente do Ministério da Economia, a Business France, dirigida por Muriel Pénicaud, a actual ministra do Trabalho. Picante adicional: o responsável máximo pela Business France, e por esta iniciativa, era Emmanuel Macron, na altura ministro da Economia, que esteve na French Tech Night em Las Vegas.

Em causa estão suspeitas de favorecimento da agência Havas para organizar este evento da Consumer Electronics Show, uma das maiores feiras internacionais de electrónica do mundo. Numa entrevista à RTL, a 28 de Junho, a ministra Pénicaud disse ter pedido uma auditoria independente, em Março de 2016, depois de ter sido "alertada" para "um erro de procedimento".

Esta iniciativa de promoção da tecnologia francesa custou 381 mil euros, incluindo as despesas de hotel e, como ultrapassavou o nível máximo de custos de 90 mil euros, explica o Le Monde, devia ter sido aberto um concurso de público para a escolha da empresa que organizasse tudo pela melhor oferta. Não foi isso que aconteceu.

As primeiras dúvidas sobre este caso foram levantadas ainda durante a campanha para as eleições presidenciais, mas na altura os assessores do actual Presidente garantiram que Macron, apesar de ser o rosto da iniciativa, não foi responsável pela sua organização. 

Já esta semana, o jornal Libération noticiou que a actual ministra do Trabalho só informou o conselho de administração da Business France sobre este caso em Dezembro do ano passado, quase um ano depois do evento, e terá omitido as conclusões mais danosas da auditoria que mandara realizar.

Muriel Pénicaud tem um dos dossiers mais complicados das reformas prometidas pela governação de Emmanuel Macron - a reforma do Código do Trabalho, que deverá estar terminada até ao final do Verão. Neste momento, estão em curso as delicadas negociações com as centrais sindicais.

Em Junho, recorda o jornal francês Le Figaro, a sede do grupo Havas e os escritório da Business France foram alvo de buscas. A empresa nega, no entanto, ter beneficiado de qualquer favorecimento, argumentando que assinara em Junho de 2015 um acordo-quadro com a agência governamental que lhe permitia organizar este tipo de eventos sem necessidade de mais concursos.

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