A Refugees Welcome quer que o Porto ouça quem vem de longe

Refugiados, associações e curiosos. Todos eles estão convidados para o primeiro convívio portuense da Refugees Welcome, neste sábado. Para além da troca de experiências, vai ser divulgada a última iniciativa da organização: aulas de português.

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A organização quer fomentar uma cultura de boas-vindas Nelson Garrido

Neste sábado, a equipa do Porto da associação Refugees Welcome vai realizar o primeiro “convívio multicultural” na cidade. O evento “vai juntar refugiados, associações, voluntários e é aberto à comunidade portuense, para uma troca de experiências”, explica Susana Costa, responsável pela equipa portuense da Refugees Welcome. Os únicos requisitos para fazer parte do encontro no espaço Rés-da-Rua, na Rua de Álvares Cabral, são levar comida para um almoço partilhado, que vai ter música ao vivo e entretenimento para as crianças, e uma inscrição online, que pode ser feita até ao final desta quinta-feira e está disponível na página da organização no Facebook.

A realização de actividades culturais e de lazer dirigidas aos refugiados é apenas uma vertente da Refugees Welcome, que chegou a Lisboa há dois anos pela mão de Andréa Martinez. A prioridade da organização é a criação de sistema de partilha de casas entre os locais e os refugiados: em vez de serem colocados em centros de acolhimento, a organização quer inseri-los num ambiente familiar, mais inclusivo, durante o seu período de adaptação, que pode ir de dois meses a um ano.

Portugal é um dos 14 países em que o projecto, criado na Alemanha há três anos, subsiste. E os números do bom funcionamento da organização são claros: em Dezembro de 2016, o projecto Refugees Welcome registava 851 matchings desde a sua fundação. Em Portugal, já se fizeram 15. Matching é o nome dado à concretização da partilha de casa com os moradores locais – os proprietários, tal como os refugiados, são submetidos a uma entrevista e, se os interesses de ambos forem compatíveis, o refugiado é encaminhado para o proprietário que cedeu o lar. As condições em que as casas são partilhadas dependem das condições financeiras dos refugiados e dos proprietários.

Aulas de português e apoio à empregabilidade

Mas o projecto não fica por aí, explica Susana Costa: “Também temos um serviço de mentoria em que voluntários ajudam os refugiados em problemas específicos. É feita uma entrevista quer ao refugiado, quer ao mentor e depois faz-se, também, um processo de matching.”Aos mentores cabe a tarefa de apoiar o refugiado em questões quotidianas, como o acompanhamento ao centro de saúde, nos transportes ou numa ida ao supermercado.

A vontade de receber bem quem vem de longe alastrou-se para além da capital e chegou, pouco depois, ao Porto. Actualmente são 22 os voluntários em Lisboa e 25 no Porto que asseguram esta missão. No entanto, as prioridades das equipas não são, necessariamente, as mesmas. Ambas estão em permanente em contacto com as associações que recebem refugiados para perceberem as principais necessidades. E enquanto Lisboa funciona “muito no modelo internacional” e dá prioridade ao acesso ao arrendamento, no Porto, os pedidos de ajuda que chegam à equipa são outros: ensino da língua portuguesa e apoio à empregabilidade, revela Susana Costa.

As aulas de português já começaram em Lisboa e vão ter início, em breve, no Porto: já estão abertas inscrições para aulas de português, que começam em Agosto e vão ser leccionadas numa sala cedida pelo Instituto Português do Desporto e Juventude, em colaboração com o Speak, uma plataforma que junta os que querem ensinar e aprender uma língua. “O evento de sábado serve também para darmos a conhecer a nossa existência e os nossos serviços aos refugiados, e instituições interessadas, e promover inscrições nesta turma”, conclui Rita Himmel, uma das fundadoras da equipa do Porto.

Texto editado por Pedro Sales Dias

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