Zero alerta para poluentes do ar na Baixa lisboeta e pede mais fiscalização de carros

A associação ambientalista alerta que existem “valores bastante elevados de ultrapassagem de dióxido de azoto” e partículas inaláveis na Baixa da capital portuguesa. A Zero considera que esta é não só uma questão de cumprir a legislação mas também de zelar pela saúde dos moradores.

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Uma das soluções apresentadas pela associação para reduzir as emissões é a utilização de transportes públicos Rui Gaudencio/ARQUIVO

Os valores de poluentes prejudiciais para a saúde são elevados na Avenida da Liberdade, em Lisboa, apesar das Zonas de Emissão Reduzida em vigor desde 2015, segundo a Zero (Associação Sistema Terrestre Sustentável), que pede mais fiscalização à circulação dos automóveis antigos.

Poucos dias antes da proibição da entrada de táxis com mais de 17 anos que não respeitem as normas sobre emissões, na Baixa lisboeta, fixada para segunda-feira a Zero vem alertar que, "na Avenida da Liberdade, em Lisboa, já há valores bastante elevados de ultrapassagem de dióxido de azoto e em relação às partículas inaláveis, as PM10, [está] sensivelmente a metade". É possível ter até 35 dias por ano o valor limite de PM10, e, segundo as contas dos ambientalistas, já foi atingida metade do número de dias.

Mas, alerta a vice-presidente da organização, Carla Graça, nos próximos meses haverá menos vento e menor dispersão de poluentes, sendo "provável que nos próximos tempos também se verifique maior nível de partículas, mesmo com redução do tráfego devido às férias".

Apesar das limitações já em vigor para a circulação automóvel, "há de facto tendência para que estes valores continuem a ser ultrapassados", disse a ambientalista em declarações à agência Lusa. Para a Zero, esta "é uma questão não só de cumprimento da legislação, mas até de salvaguarda das pessoas que vivem e trabalham" na zona da Baixa lisboeta.

Em 2015, acrescenta, a estação de monitorização da qualidade do ar da avenida da Liberdade voltou a apresentar resultados para as PM10 e o dióxido de azoto acima do limite previsto na legislação nacional e europeia, e no ano seguinte, com condições meteorológicas mais favoráveis, só o limite anual de dióxido de azoto não foi cumprido.

"Não há suficiente fiscalização e continuamos a ver automóveis antigos a frequentar a zona da Baixa", mesmo tendo em conta a excepção para moradores, acrescentou.

Esta situação não tem a ver com os automóveis de alta cilindrada, que emitem mais dióxido de carbono, um gás com efeito de estufa diferente dos poluentes que têm impacto directo na saúde humana, nomeadamente nas vias respiratórias.

Em Janeiro de 2015, a terceira fase das Zonas de Emissão Reduzida (ZER) entrou em vigor trazendo maiores restrições para os veículos ligeiros na zona da Baixa de Lisboa (rua Alexandre Herculano, praça do Comércio, Cais do Sodré e Campo das Cebolas) e depois até Entrecampos. As novas regras contemplaram "um período de excepção para os taxistas de modo a que se pudessem adaptar", para renovarem a frota e aplicarem filtros nos automóveis, lembrou Carla Graça.

Agora as limitações passam a abranger também os táxis fabricados antes de 1 de Janeiro de 2000, a partir de segunda-feira, já que 1 de Julho é sábado e a norma é válida para dias úteis das 7h às 21h.

Além do aumento da fiscalização pela PSP e pela Polícia Municipal, os ambientalistas esperam incentivos à utilização de transportes públicos e facilidade de andar a pé ou de bicicleta.
Carla Graça disse ainda que os corredores para bicicleta não existem ou não são os mais indicados, "a convivência entre o ciclista e o automobilista não é fácil, muitas vezes com risco" para o primeiro e ser peão em Lisboa "continua a não ser fácil" porque há muitas barreiras.

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