MP recorre de medidas de coacção aplicadas a arguidos do caso Ajuste Secreto

Os sete arguidos detidos na operação Ajuste Secreto saíram em liberdade na segunda-feira à noite do Tribunal da Feira, mas seis deles terão de pagar cauções entre os 15 mil e 60 mil euros.

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A juíza de instrução criminal do Tribunal da Feira Ana Cláudia Nogueira diz que os arguidos estão "fortemente" indiciados por crimes de corrupção e prevaricação Adriano Miranda

O Ministério Público (MP) vai recorrer das medidas de coacção aplicadas aos arguidos detidos na operação Ajuste Secreto, adiantou esta terça-feira a Procuradoria-Geral Distrital (PGD) do Porto. De acordo com uma nota publicada na página oficial da PGD do Porto, na Internet, o MP entende que as medidas de coacção aplicadas "não acautelam de modo bastante as exigências cautelares que o processo indicia".

A Procuradoria refere ainda que a decisão da juíza de instrução criminal do Tribunal da Feira acolheu "apenas parcialmente" o que fora promovido pelo MP, "seja quanto às conclusões jurídico-penais a extrair da matéria fáctica, seja quanto às medidas de coacção a aplicar".

Os sete arguidos detidos na operação Ajuste Secreto saíram em liberdade na segunda-feira à noite do Tribunal da Feira, mas seis deles terão de pagar cauções entre os 15 mil e 60 mil euros.

A medida de coacção mais gravosa foi para o vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Hermínio Loureiro, que vai ter de pagar uma caução de 60 mil euros, no prazo de dez dias. O ex-presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis está ainda proibido de permanecer nas instalações da autarquia e de algumas empresas.

O antigo presidente do conselho de administração da Assembleia da República e ex-deputado do PSD João Moura de Sá e o empresário António Gomes dos Reis vão ter de pagar uma caução de 50 mil euros, cada um.

Já para o empresário Filipe Marques e Manuel Amorim, da Direcção Regional Economia do Norte, foram fixadas cauções de 30 mil e 20 mil euros, respectivamente.

A juíza determinou ainda uma caução de 15 mil euros para o presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis, Isidro Figueiredo, que não pode permanecer nas instalações de certas empresas, mas não ficou suspenso de funções.

Finalmente, o presidente da Concelhia do PSD de Oliveira de Azeméis, José Oliveira, foi o único arguido a sair em liberdade sem qualquer caução, mas ficou suspenso do exercício de funções na câmara, estando ainda proibido de permanecer nas instalações das autarquias e dos clubes desportivos existentes no município. Todos os arguidos estão ainda proibidos de se contactarem entre si e outras pessoas.

A juíza de instrução criminal do Tribunal da Feira Ana Cláudia Nogueira diz que os arguidos estão "fortemente" indiciados por crimes de corrupção e prevaricação.

Hermínio Loureiro responde ainda por um crime de tráfico de influência e outro de detenção de arma proibida e Isidro Figueiredo está também indiciado por um crime de tráfico de influência.

Os procuradores da República tinham pedido a prisão preventiva para cinco dos sete detidos, incluindo Hermínio Loureiro.

A operação Ajuste Secreto resultou de uma investigação que durava há um ano e culminou no dia 19 de Junho com a detenção de sete pessoas. Em causa estarão ilegalidades cometidas em concursos públicos e nos ajustes directos de obras municipais.

No decurso da operação foram realizadas 31 buscas, designadamente a cinco câmaras municipais (Oliveira de Azeméis, Estarreja, Albergaria-a-Velha, Matosinhos e Gondomar) e cinco clubes de futebol, todos do concelho de Oliveira de Azeméis, com a participação de cerca de 90 elementos da PJ e cinco magistrados do Ministério Público.

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