Reduzir lista de utentes é forma de "reter" médicos de família no SNS

Associação de Medicina Geral e Familiar quer que listas de utentes passem a ter em conta dificuldades de acesso e sejam reduzidas.

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"Os médicos têm claramente doentes em excesso", diz Miguel Guimarães NFACTOS / Pedro Granadeiro

A Ordem dos Médicos considera obrigatório e urgente reduzir a lista de utentes por médico de família, a única forma de reter no Serviço Nacional de Saúde (SNS) os profissionais de medicina geral e familiar. "Se não quisermos continuar a perder médicos de família temos de reter no SNS e temos de oferecer melhores condições de trabalho. Melhorar as condições de trabalho é dar-lhes listas de utentes adequadas", afirmou o bastonário Miguel Guimarães.

A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar apresentou neste sábado na sede da Ordem dos Médicos (Lisboa) uma proposta para que as listas de utentes passem a ter em conta as dificuldades de acesso a serviços de saúde, sugerindo listas que vão de 850 até 1750 doentes.

Actualmente, o limite máximo é de 1900 doentes por médico, na prática, esse limite é aplicado como norma. Este número, que era para ser transitório, foi uma condescendência dos sindicatos médicos na altura da crise económica e da assistência financeira a Portugal e já devia ter sido revisto.

Agora, até porque Portugal já não atravessa a escassez de médicos de medicina geral e familiar de há poucos anos, a associação vai sugerir que se introduza uma nova dimensão na constituição de listas de utentes por médico de família.

A ideia é ter em conta, em cada município, o contexto em que os médicos exercem a profissão, seja devido ao envelhecimento populacional, ao número de domicílios que necessitam de fazer e às distâncias que têm de percorrer, seja as próprias condições das unidades de saúde, como explicou o presidente da Associação de Medicina Geral e Familiar, Rui Nogueira.

A sugestão dos médicos de família surge na sequência de um estudo feito pela própria associação. "A proposta agrada-nos. Independentemente dos estudos que vão ser feitos, este estudo é muito importante para mostrar que os médicos de família têm uma lista excessiva de utentes. Mas é preciso é tomar decisões. Temos uma deficiência no tempo da relação médico-doente. Os médicos têm claramente doentes em excesso. A decisão tem é de ser tomada", afirmou o bastonário.

O representante máximo dos médicos defende que o Ministério da Saúde devia "olhar com atenção" para este estudo da Associação de Medicina Geral e Familiar, lembrando que a redução das listas de utentes é uma medida essencial para melhorar a qualidade da medicina nos cuidados de saúde primários. 

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