Raduan Nassar e Milton Hatoum, Laurent Binet e César António Molina no Folio 2017

Festival Literário de Óbidos realiza-se de 19 a 29 de Outubro. Neste ano da internacionalização, o evento anda à procura de novas fontes de financiamento.

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O brasileiro Raduan Nassar fará uma das suas raras aparições em Óbidos Cortesia Flavio Florido/Folhapress

Os brasileiros Raduan Nassar, Prémio Camões 2017, e Milton Hatoum, os franceses Laurent Binet e Maylis de Kerangal, os espanhóis Fernando Aramburu e César Antonio Molina, os colombianos Jeronimo Pizarro e Plínio Apuleyo, as croatas Sibila Petlevski e Ivana Bodrozic, os canadianos Anaïs Barbeau-Lavalette e Joseph Boyde e o húngaro Viktor Sebestyn são os primeiros nomes com presenças já confirmadas na terceira edição do Folio – Festival Literário de Óbidos, que decorre de 19 a 29 de Outubro próximo.

O tema deste ano será Revoluções, Revoltas e Rebeldias, e o festival terá um modelo “diferente e que se reinventou” para, segundo a vereadora da Cultura da Câmara de Óbidos, Celeste Afonso, apresentar aquela que será “a mais internacional edição de sempre” do evento. Terá escritores de oito países e dos cinco continentes, acrescentaram os responsáveis pela organização na apresentação feita esta sexta-feira no Museu do Aljube, em Lisboa.

Entre as presenças portuguesas também já confirmadas contam-se Mário de Carvalho, Dulce Maria Cardoso, Carlos Querido e Mário Cláudio.

Além dos nomes agora divulgados, “muitas outras participações estão a ser confirmadas todos os dias”, disse o director do festival, José Pinho. Mas a presença de Raduan Nassar – anunciada num comunicado da Penguin Random House –, que é um dos grandes autores da língua portuguesa e que, através da Companhia das Letras, tem já três livros publicados em Portugal (Lavoura Arcaica, Menina a Caminho e Um Copo de Cólera), não deixa de convocar uma atenção especial por se tratar de um escritor normalmente avesso a aparições públicas.

A relação com o Brasil vai, de resto, ser estreitada este ano através da parceria com o Festival Literário Internacional de Paraty (FLIP), a ganhar novos contornos ao abrigo de um protocolo com a EDP daquele país.

Organizado, como nas duas edições anteriores, em cinco capítulos – Autores, Folia, Educa, Ilustra e Folio Mais –, o festival de Óbidos conta este ano com a colaboração da rede de cidades criativas da UNESCO, de que a vila portuguesa faz parte desde Dezembro de 2015.

Nesse âmbito, o Folio vai apresentar "uma programação que mistura música e literatura" vindas de Granada (Espanha) e Heidelberg (Alemanha), duas dessas cidades criativas. Mas também Montréal, Cidade do Design da UNESCO, se fará representar com uma delegação de escritores, com Rosemary Sullivan e Patrice Lessard a acrescentarem-se aos atrás citados, e que vêm a Óbidos no âmbito de uma parceria com o festival literário Metropolis Bleu, daquela cidade canadiana.

Na programação paralela aos livros, vai haver concertos exclusivos, exposições inéditas e produções teatrais criadas de raiz para o Folio. Na música, Rodrigo Leão estreará uma nova versão de A vida secreta das máquinas e Maria João apresentará pela primeira vez em Portugal um novo espectáculo com leitura musical da obra do brasileiro Aldir Blanc, com a participação especial de Carlão. Pelos palcos de Óbidos passarão ainda Luis Pastor, interpretando canções de intervenção, Norberto Lobo, Vitorino e cante alentejano.

No teatro, destaque para a peça A Pança, baseada na obra Os Três Gordos, do escritor russo Iúri Olecha, que chega ao festival pela mão da Representação em Portugal da Agência Federal Russa para a Cooperação Cultural e a Casa da Música de São Petersburgo.

Na continuidade da celebração do Nobel português José Saramago, serão assinalados os 35 anos do livro Memorial do Convento com a performance de rua Sete Luas, criada expressamente por Pedro Giestas para animar as ruas de Óbidos durante os 11 dias do festival.

O Folio vai também acolher três grandes exposições: O Aceitador do Medo, escultura do moçambicano Gonçalo Mabunda; O Nascimento de uma Democracia, com que a Assembleia da República assinalou os 200 anos do Constitucionalismo e que inclui uma mostra de cartazes do 25 de Abril [de 1974], do espólio da AR e do arquivo de José Pacheco Pereira; e o Centro Cultural de Belém mostra obras representativas de movimentos artísticos da segunda metade do século XX.

Neste ano da internacionalização, o Folio 2017 será também, segundo José Pinho, "o ano da revolução" com a organização a deixar de contar com apoio financeiro por parte do Turismo do Centro e a alargar as parcerias a entidades como as fundações Millennium BCP, José Saramago e Francisco Manuel dos Santos, entre outras, para fazer face às despesas de produção, que serão “na ordem dos 200 mil euros”. Mas os organizadores não avançaram ainda com um orçamento final, que, segundo Celeste Afonso, "dependerá dos apoios que se concretizarem por parte dos parceiros". Garantido está, no entanto, que não haverá “redução da programação”. 

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