Aço impede declaração conjunta sobre clima na cimeira UE/China

Pequim queria que Bruxelas reconhecesse a China como uma economia de mercado não dirigida pelo Estado. Apesar disso, as duas partes acordaram a redução do uso de combustíveis fósseis.

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Donald Tusk e Li Keqiang esta sexta-feira em Bruxelas Reuters

A União Europeia e a China advertiram o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quanto ao "erro grave" de retirar o seu país do Acordo de Paris, mas as divergências sobre o comércio impediram que na cimeira em Bruxelas as duas partes emitissem uma declaração conjunta sobre o clima.

Falando ao lado do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse que o combate pela redução da poluição e para impedir a subida do nível da água vai continuar sem os EUA. Porém, diferentes posições quanto à produção e comércio do aço revelaram que a relação entre a UE e a China ainda tem obstáculos.

"Estamos convencidos de que a decisão dos Estados Unidos de deixar o Acordo de Paris é um grande erro", disse Tusk. "A luta contra a mudança climática, e toda a investigação, inovação e progresso tecnológico que a vai acompanhar, vai prosseguir, com ou sem os Estados Unidos".

Na cimeira, os três líderes – o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, também participou – comprometeram-se com a redução do uso de combustíveis fósseis, desenvolvendo tecnologias limpas e ajudando a angariar fundos para ajudar os países mais pobres a cortar nas emissões de gases com efeito de estufa.

Uma disputa sobre comércio impediu uma declaração conjunta. A União Europeia e a China não conseguiram chegar a acordo sobre o comunicado final que, entre outros temas, deveria incluir uma alínea em que ambas as partes se comprometiam com o comércio livre e outra sobre a necessidade de uma redução na produção global do aço. A conferência de imprensa dos líderes foi atrasada três horas, mas isso não chegou para que houvesse acordo.

A insistência chinesa para que fosse feita uma referência ao eventual reconhecimento, por parte da UE, de que a China é um país com uma economia de mercado, não dirigida pelo Estado, bloqueou a declaração final de 60 pontos. Também não houve acordo quanto ao aço.

A produção anual de aço da China é quase o dobro do total produzido pela União Europeia e os governos ocidentais acusam as exportações chinesas pela crise mundial do aço.

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