Trânsito e falta de estacionamento são principais queixas dos lisboetas

Inquérito realizado a mais de 2500 residentes revela que, mais do que os preços da habitação, lisboetas estão insatisfeitos com o caos da cidade.

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Lisboetas pedemhigiene urban, espaços públicos e estacionamento Nuno Ferreira Santos

Apesar do preço e a disponibilidade da habitação em Lisboa serem umas das queixas e temas mais frequentes nas preocupações dos lisboetas, o estado do trânsito e a falta de estacionamento são, actualmente, o que mais incomoda os lisboetas. A conclusão é de um inquérito a 2502 residentes lisboetas, com idade igual ou superior a 15 anos. O inquérito, conduzido pelo Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (CICS.NOVA), encomendado pela Câmara de Lisboa e citado esta quinta-feira pelo Diário de Notícias, conclui que a maioria dos lisboetas (58,5%) está pouco ou nada satisfeita com o estado da circulação na cidade.

Seguem-se então os lisboetas insatisfeitos com o estacionamento – ou a falta dele (53,7%). A ausência deste conforto prejudica, dizem os lisboetas, a capacidade de aproveitar os cafés, restaurantes e esplanadas, o espaço público, os espaços verdes e a oferta de actividades culturais e de lazer.

Ainda assim, de um modo geral, Lisboa passa com nota positiva: 81,7% consideram que a qualidade de vida na cidade é boa e 8,3% muito boa. Já se olharmos para os bairros, a avaliação desce, mas não significativamente: 80,7% dão uma apreciação positiva e 7,8% muito positiva. Mas também há notas negativas.

A falta de oportunidades de emprego salta para o primeiro lugar, seguindo-se a insatisfação com manutenção e limpeza dos passeios (41,6% de opiniões negativas) e o estacionamento (41,2%).

Questões como a qualidade ambiental, a segurança, a recolha de lixo ou a oferta de serviços de saúde merecem apreciações positivas próximas ou superiores a 70%. Já quanto às obras no espaço público, 53,3% afirmam-se satisfeitos, mas 26,8% dizem-se, ao invés, pouco satisfeitos, destaca o diário.

Em relação aos transportes públicos, uma surpresa: 72,6% dos lisboetas têm opiniões positivas. Importa, no entanto, destacar que, dos inquiridos, 37% usa transporte próprio para se deslocar e 24,4% desloca-se apenas a pé. A razão? A demora nas viagens e uma diferença de preço face ao transporte próprio que "não compensa" são as duas principais razões apontadas pelos inquiridos para não usar mais os transportes públicos.

Numa análise à evolução da cidade nos últimos três anos, lisboetas destacam pela negativa as obras (25,6%), as mudanças relacionadas com o trânsito (23,5%) e o estacionamento (11,5%). Pela positiva, sublinham a manutenção dos espaços públicos (42%), o turismo (11,4) e o estado do edificado (9%).

Sobre o que é mais urgente fazer para melhorar a qualidade de vida na cidade, os lisboetas responderam com mais frequência sobre a área da higiene urbana (13,6%), seguida pela manutenção dos espaços públicos (10,6%) e o estacionamento (7,7%).

O inquérito aos lisboetas vai ser apresentado esta quinta-feira numa conferência internacional no Fórum Lisboa, dedicado à reforma administrativa da cidade.

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