Porto é a cidade do país com mais amianto

O Sindicato da Construção de Portugal alega ter contactado o presidente da Câmara do Porto para resolver o problema, mas sem sucesso.

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A Câmara Municipal do Porto diz ter resolvido os casos mais preocupantes, entre 2014 e 2015 evr enric vives-rubio

O presidente do Sindicato da Construção de Portugal, Albano Ribeiro, disse nesta terça-feira que o Porto é a cidade do país com "mais amianto", considerando "urgente" a criação de uma comissão para fazer o seu levantamento.

"O Porto tem muitos milhares de metros quadrados de amianto em avançado estado de degradação, situação que ameaça a saúde pública", referiu à Lusa, no âmbito de uma exposição de fotografias alusivas a edifícios da cidade nesta situação, realizada em frente à Câmara do Porto.

A título de exemplo, Albano Ribeiro revelou que a esquadra da Bela Vista e que o edifício da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), no Porto, estão "cheios de amianto".

Esta intervenção pedagógica visa dar um "ar mais respirável" à cidade, sublinhando que iria criar cerca de 300 postos de trabalho.

Albano Ribeiro garantiu que há trabalhadores a retirar amianto sem protecção própria, algo "inadmissível". "O amianto nas décadas de 1960 e 1970 foi a solução encontrada nessa época, mas na sociedade contemporânea não tem lugar para bem da saúde pública", entendeu.

Segundo o dirigente, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, deve tomar uma "atitude", acusando-o de ter um "ego grande", porque nunca respondeu às solicitações do sindicato, nem nunca o recebeu. "Ao contrário de outros presidentes, o actual presidente é o único que nunca nos recebeu, demonstrando desrespeito para connosco", argumentou.

Por seu lado, o gabinete de comunicação da Câmara do Porto adiantou não conhecer, nem comentar as declarações de Albano Ribeiro que, a serem verdade, constituem uma declaração política e uma ofensa ao presidente da câmara.

"Sobre a presença de amianto, a Câmara do Porto é exemplo por ter realizado um estudo e um plano sobre a presença e irradiação de amianto em edifícios públicos, nomeadamente nas escolas e na habitação social, tendo em curso a sua substituição por outros materiais em todos os bairros sociais", disse. Salienta ainda que todos os casos que o estudo identificou como levantando alguma preocupação foram já totalmente resolvidos entre 2014 e 2015.

Segundo a autarquia, "o estudo e o plano em questão foram apresentados em reunião pública de câmara" e "o amianto ainda existente em alguns edifícios continuará a ser removido, cumprindo o plano de obras e reabilitação, mas o que existe nesta altura é estável e, segundo as medições e estudos realizados, não oferece qualquer risco para a saúde".

"A Câmara do Porto tem sido elogiada pelo que tem feito nesta matéria", concluiu.

O sindicalista Albano Ribeiro acrescentou que o autarca independente passou a "cinco metros" da exposição, mas "não teve a nobreza" de a ir ver e de conversar.

O sindicalista disse ainda ter convidado para a visita à exposição o autarca e todos os candidatos às autárquicas nas eleições de Outubro, tendo comparecido apenas o socialista Manuel Pizarro e o bloquista João Semedo.

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