Fernando Paulouro vence prémio Eduardo Lourenço

Jornalista foi director do Jornal do Fundão, e é autor de mais de uma dezena de livros.

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Fernando Paulouro DR

O jornalista e escritor Fernando Paulouro das Neves é o vencedor da 13.ª edição do Prémio Eduardo Lourenço, no valor de 7.500 euros.

O júri reconheceu "a projecção cultural e ibérica do jornalista, escritor e cronista e a sua notória vocação cultural e cívica", desenvolvida ao longo dos últimos 50 anos. 

O anúncio foi feito na Guarda pelo presidente da Câmara Municipal, Álvaro Amaro, no final da reunião quinzenal do executivo, após ter tido conhecimento da decisão do júri, que se reuniu esta sexta-feira naquela cidade para escolher o premiado.

Instituído em 2004 pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI), com sede na Guarda, o prémio destina-se a galardoar personalidades ou instituições com “intervenção relevante no âmbito da cultura, cidadania e cooperação ibéricas”.

Nascido no Fundão em 1947, Fernando Paulouro Neves foi jornalista, chefe de redacção e depois director do histórico Jornal do Fundão, fundado pelo seu pai, António Paulouro, no ano anterior. 

"Protagonista de um jornalismo fortemente literário, que tantas vezes lhe permitiu contornar a censura pela finura da escrita, Fernando Paulouro das Neves representa muito bem a ligação entre os dois lados da raia ibérica, vividos e defendidos ao longo de uma vida de resistência", justificou o júri do prémio em comunicado.

"Regional, mas sempre com relevância global, mostra que o mundo precisa da reflexão vinda dos pequenos lugares. Partilha as beiras agrestes e a perspectiva que elas transmitem, com o próprio Eduardo Lourenço; em ambos o pensamento não se imagina sem o vento da raia, e a vivência dos locais que o futuro ameaça abandonar, mas que ambos acreditam que se manterão relevantes e até indispensáveis", acrescentam. 

Como escritor, publicou já mais de uma dezena de títulos, entre os quais a antologia António Paulouro: as palavras e as causas e uma fotobiografia co-assinada com Alexandre Manuel (ambos de 2015). É também autor do livro de ficção Os fantasmas não fazem a barba e do ensaio A Materna Casa da Poesia - sobre Eugénio de Andrade (ambos de 2003). Encontra-se ainda representado no volume Identidades Fugidias, coordenado por Eduardo Lourenço, e na antologia A Mãe na Poesia Portuguesa, organizada por Albano Martins.

Na sua carreira de jornalista, foi colaborador de múltiplos jornais e revistas, tendo também pertencido a sucessivas direcções do Sindicato dos Jornalistas e do Conselho Deontológico.

Instituído em 2004 pelo CEI, o Prémio Eduardo Lourenço distinguiu, na primeira edição, Maria Helena da Rocha Pereira, recentemente desaparecida, seguindo-se muitos outros vultos da cultura e expressão ibéricas, entre os quais Maria João Pires, Ángel Campos Pámpano, Mia Couto, Jerónimo Pizarro,  Agustina Bessa- Luís e Luis Sepúlveda, o premiado do ano passado.

 

 

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